Quanto se pode ganhar criando apps?

Desde que o primeiro iPhone foi lançado em 2007, ouvimos falar de adolescentes ganhando verdadeiras fortunas com a criação de aplicativos “bobos”. Entre os incontáveis exemplos, temos os que fazem “barulhos de puns” até o famoso Flappy Bird, joguinho que chegou a gerar US$ 50 mil por dia ao seu desenvolvedor, apesar dos gráficos e mecânica extremamente simples.

Inclusive, é estimado que o mercado de apps atinja mais de US$ 100 bilhões até 2020.

Esses números espantam qualquer um, então não é de se admirar que milhões de pessoas estejam interessadas em ganhar dinheiro com apps. Mas antes de se aventurar nessa área nada fácil, todos se perguntam: quanto posso ganhar criando apps?

Uma resposta única para essa pergunta é impossível. O dinheiro gerado pelo aplicativo vai depender de uma infinidade de variáveis. Porém, podemos brincar um pouco com os números para chegarmos a uma estimativa do que se pode esperar.

Apps gratuitos com publicidade

Publicidade é a forma mais popular de se monetizar apps. Basicamente, quando vemos alguma propaganda em um app, o desenvolvedor está gerando alguma forma de renda, por menor que ela seja.

Para calcularmos quanto um app pode ganhar com propagandas, devemos levar em consideração esses 5 fatores principais:

  • CPM (Custo por mil): essa é a principal métrica para sabermos quanto um app vai gerar com propagandas. Ele nos diz o valor que mil usuários geram em média. Esse valor pode variar imensamente.
  • CPC (Custo por Clique): o valor pago por um clique (ou nesse caso, toque) na propaganda.
  • CTR (Taxa de clique): porcentagem das propagandas que são clicadas (tocadas)
  • Frequência de troca de propagandas: qual o intervalo de tempo entre uma propaganda e outra no aplicativo.
  • Tempo gasto no aplicativo: a média de tempo que o usuário médio passa usando o aplicativo
  • DAU (Daily Active Users): quantos usuários usam o app pelo menos uma vez por dia
  • Fill Rate: porcentagem de pedidos de propagandas atendidos com sucesso.

Vamos considerar que você foi muito feliz em suas técnicas de Growth Hacking, conseguindo milhões de downloads e atingindo esses números hipotéticos:

  • CPM médio: R$ 2
  • CPC: R$ 0,50
  • CTR: 0,5%
  • Fill Rate: 75%
  • Frequência de troca de propagandas: a cada 15 segundos
  • Tempo médio gasto no aplicativo: 1 minuto
  • DAU: 300 mil usuários

Assim, temos em média quatro trocas de propaganda por usuário: 4 * 300.000 = 1.200.000 pedidos de propaganda. Com o Fill Rate de 75%, chegamos a: 1.200.000 * 0,75 = 900.000 mil propagandas exibidas.

Consideramos um CPM médio de R$ 2, então se tivermos 300 mil usuários que usam o app todos os dias, ele irá gerar 900.000 * 2 / 1.000 = R$ 1.800 por dia, ou R$ 54 mil por mês.

Também temos os usuários que de fato acessam a propaganda. No nosso exemplo, 0,5% das propagandas exibidas são acessadas. Com um CPC médio de R$ 0,50, a conta é: 900.000 * 0.005 * 0,5 = R$ 2,250 por dia, ou R$ 67.500 por mês

No total, esse app com 300 mil usuários diários ativos geraria cerca de R$ 4.050 por dia, ou R$ 121.500 por mês.

Apps pagos ou com compras internas

Quando o usuário compra um aplicativo pago ou realiza uma compra in-app, ele é processado pela loja do sistema (Apps Store no iOS, Play Store no Android ou Windows Store no Windows 10/Windows Phone). A porcentagem do valor total que a loja toma para si varia, mas em média é algo em torno de 30%.

Então se seu aplicativo custa R$ 5 e você está conseguindo obter mil downloads por dia, terá algo em torno de R$ 3.500 diários, ou R$ 105.000. Nesse caso, de imediato, fatores como usuários ativos não importam.

Agora, se seu aplicativo é grátis mas possui compras internas, tudo dependerá de métricas como o valor do item, CTR, DAU, etc.

Supondo que 0,5% de 300 mil usuários realizem uma compra interna de R$ 4, por dia serão gerados: R$ 6.000. Após o corte da loja, você ficará com R$ 4.200.

Algumas estatísticas e observações

Os números hipotéticos que usamos são altos. Na realidade, é provável que seu CPM e CPC e CTR sejam mais baixos.

Apesar de ser algo extremamente atrativo à primeira vista, a grande maioria dos desenvolvedores não conseguem sobreviver pelo dinheiro que ganham com seus apps.

Um estudo realizado em 2014 com 10 mil desenvolvedores em mais de 130 países revelou que mais da metade dos apps não conseguem gerar nem US$ 500 por mês.

A realidade é que é cada vez mais difícil conseguir destaque nas lojas, já que seu app estará competindo com milhões de outros. Essa competição também faz com que os apps sejam cada vez mais robustos, dificultando a vida dos desenvolvedores amadores.

Você talvez ganhe na loteria dos apps e crie o próximo Flappy Birds, mas é melhor investir em algo que realmente cumpra algum objetivo, que resolva algum problema, do que apostar em sucessos tão raros.

via Em Alta

Opine

comentários

Leia também

Posted by Wladimir

Nerd desde sempre. Começou a programar em Basic, em um CP 400 Color II lá por 1985. Fã de Star Wars, Star Trek e outras séries espaciais. Pai de 4 filhos - um era pra se chamar Linus, mas o nome encontrou muita resistência :( Aliás, software livre é outra paixão. Usuário Linux desde 1999. Presidente da Associação Software Livre Santa Catarina. Defensor do livre compartilhamento. É o compartilhamento que tem feito a humanidade avançar. As ideias são uma construção coletiva da humanidade :) Foi fundador do Partido Pirata do Brasil e membro de sua 1ª Executiva Nacional (2012-2014). Foi também assessor do gabinete do Ministro da Ciência e Tecnologia durante 2016, até a efetivação do golpe que destituiu Dilma Rousseff. Ah, também é editor aqui dessa bagaça, onde, aliás, você também pode colaborar. Só entrar em contato (42@nerdices.com.br) e enviar suas dicas, artigos, notícias etc. Afinal, a Força somos nós!

Website: http://www.nerdices.com.br

This article has 1 Comment

Deixe uma resposta para Jesse Rainer Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.