A fossilização – processo pelo qual são gerados os fósseis, que vem do latino fossilis e significa desenterrado ou extraído da terra – tem preservado por milhões de anos muitas espécies que, sem ter passado por esse processo, talvez não tomaríamos conhecimento de suas existências. Mas em alguns casos, muito raros, a fossilização faz algo ainda mais espetacular: ela preserva momentos.
Recentemente Błażej Blazejowski, do Instituto de Paleobiologia na Academia Polonesa de Ciências, teve a sorte de tropeçar em cima de um fóssil contendo um momento muito especial, que ficou eternizado no tempo. Ele compartilhou sua descoberta na última sexta-feira no jornal Scientific Reports.
Em um pedaço de xisto, escavado na pedreira Kowala, nas montanhas Santa Cruz, Polônia, revelou o que parecia ser um trilobite – um animal que vivia nos oceanos, semelhante a um grande inseto blindado – no momento em que este realizava a troca de seu exoesqueleto.
Submetido a Raios-X, foi confirmada a descoberta. Trata-se de um Trimerocephalus, um trilobite com cerca de 6,3 polegadas de comprimento e 3 polegadas de largura.
A mudança de exoesqueleto é, sem dúvida, um dos atos mais incríveis da natureza. Certas criaturas removem partes de seus corpos nesse processo de renovação biológica. Gatos e cães fazem com a sua pele (muitas vezes, enchendo de pêlos seu sofá). Galinhas fazem com as suas penas. Cobras com a sua pele. Mais notavelmente, muitos artrópodes, incluindo aranhas, caranguejos e insetos, eliminam todo seu exoesqueleto! Rasgando-se fora de seus corpos, eles emergem revitalizados e renovados, deixando para trás uma casca quase completa de seus corpos.
Mas esse inseto não surgiu renovado. Muito pelo contrário. Parece ter morrido no processo.
“O animal morreu dentro do sedimento logo após desembaraçar-se do velho exoesqueleto”, disse Blazejowski. “A causa da mortalidade, naturalmente, não é conhecida, mas pode ser devido ao estresse da mudança ou possivelmente, dado o contexto, a morte por hipoxia ou devido à toxicidade do sulfureto de hidrogênio no interior do sedimento.”
Os cientistas sempre assumiram que artrópodes antigos como trilobites comportavam-se de maneiras semelhantes aos artrópodes modernos, mas Blazejowski diz que esta descoberta é a mais antiga confirmação desse palpite.
fonte: Real Clear Science