Tudo indica que a sonda Schiaparelli está perdida na superfície de Marte, sem comunicação e danificada. A Agência Espacial europeia (ESA) ainda não recebeu os sinais que confirmam a aterrissagem controlada da sonda, que deveria ter acontecido no dia 19 de outubro.
Algumas horas mais tarde, a ESA revelou que o pára-quedas da sonda abriu cedo demais. O sinal de rádio do pousador parou de transmitir dados cerca de 50 segundos antes de tocar o solo marciano. Tudo indica que o pouso controlado não ocorreu como esperado.
Análises de novos dados são necessárias para saber se Schiaparelli sobreviveu ou não. Um dos chefes da ESA, Jan Woerner, disse que a missão deveria ser considerada um sucesso, porque o pousador enviou uma vasta quantidade de dados para a Terra antes de ser silenciada. Ele disse ainda que os dados serão usados para planejar uma futura missão robótica à Marte, que deve ocorrer em 2020.
Jan Woerner acrescentou ainda que a outra parte da missão ExoMars, que envolve colocar uma sonda para orbitar o Planeta Vermelho, funcionou perfeitamente como era planejado. O Orbitador TGO já se encontra ao redor de Marte, e sua missão é analisar os gases da atmosfera marciana.
Relógio apertado
Apesar do pouso de Schiaparelli ser “apenas” um teste, seria muito importante que ocorresse com sucesso, afinal de contas, ela é uma das fases que possibilitará o planejamento de uma missão em 2020.
Outro ponto a ser enfatizado é que Schiaparelli tem uma vida útil muito curta, de menos de 4 dias. Durante esse período, ela iria enviar apenas dados rudimentares para o centro de controle, já que o principal intuito da missão era o pouso em si. Em breve, se não conseguirem contato com a sonda, seu paradeiro poderá se tornar um mistério por muito tempo, pois suas baterias irão se descarregar em breve… se é que a sonda está em funcionamento…
Até o momento, a NASA é a única agência espacial que conseguiu pousar uma sonda em Marte sem nenhum dano. Já foram enviadas aproximadamente 38 missões com destino a Marte, sendo que metade tiveram grandes falhas. Em 1973, por exemplo, a Rússia perdeu 4 orbitadores e 2 pousadores, sendo que um deles errou o alvo, e o outro atingiu o solo em alta velocidade. Apesar do grande avanço tecnológico que a humanidade vem presenciando, realizar um pouso controlado na superfície do Planeta Vermelho ainda parece ser um desafio aterrorizante.
Manish Patel, cientista planetário da Universidade de Open, responsável por um dos instrumentos do orbitador TGO, acredita que a dificuldade em realizar um pouso controlado em Marte se deve a fatores como seu grande poder gravitacional x sua atmosfera muito fina. “O problema clássico de Marte é sua fina atmosfera, que naturalmente exerce uma diminuição de velocidade. Se não houvesse atmosfera, seria mais fácil”, diz Manish, que completa: “Marte tem uma atmosfera muito fina, que freia a sonda um pouco, mas com muita variação imprevisível por conta de suas partículas de poeira, que também podem aquecer e danificar severamente o escudo de entrada.”
Ainda assim, uma parceria entre a ESA e a Agência Espacial Russa, a Roscosmos, pretende colocar uma sonda robótica de seis rodas na superfície de Marte. A missão está programada para ser lançada em 2020, e mesmo com tamanha dificuldade, os responsáveis prometem melhorar os sistemas de entrada na atmosfera e finalmente, explorar a superfície de Marte sem o auxílio direto dos Estados Unidos. Os europeus estão ansiosos, e com a falha do pousador Schiaparelli, a futura missão promete ser ainda mais tensa do que o comum.