Segundo a AEB, em seis meses de operação, nanossatélite deu mais de três mil voltas ao redor da Terra coletando e transmitindo dados ambientais. Projeto funciona como laboratório para formação de profissionais.
O satélite de pequeno porte Serpens concluiu sua missão e se desintegrou completamente ao reentrar na atmosfera da Terra, informou nesta quarta-feira (6) a Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI). Os últimos sinais do Serpens, sigla para Sistema Espacial para Realização de Pesquisa e Experimentos com Nanossatélites, foram captados pela equipe da Universidade de Vigo, na Espanha, um dia antes da reentrada na atmosfera, na madrugada do dia 27 de março, quando se desintegrou sobre o Oceano Atlântico.
Segundo a AEB, em seis meses de operação, o nanossatélite forneceu mais de 150 mil pacotes de telemetria, mais de 700 acessos de comunicação e deu mais de três mil voltas ao redor da Terra. Em órbita, o Serpens coletou e transmitiu dados ambientais em uma plataforma de baixo custo desenvolvida com a participação de estudantes brasileiros.
Para o presidente da AEB, José Raimundo Braga Coelho, o Serpens é um dos principais projetos para incentivar a atuação dos jovens na área espacial. “A construção de pequenos satélites é um excelente laboratório educativo que procura formar profissionais capacitados para trabalharem em institutos e universidades do país, conforme o Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE)”, disse.
De acordo com a professora Chantal Cappelletti, coordenadora do projeto pela Universidade de Brasília (UnB), o desenvolvimento do pequeno satélite foi de extrema importância para o aprendizado dos estudantes. “A prática de construir um nanossatélite é uma experiência que amplia o conhecimento dos estudantes, pois eles serão profissionais que contribuirão com o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro”, ressaltou.
Além da UnB, participaram do desenvolvimento do Serpens estudantes das universidades federais do ABC (Ufabc), de Santa Catarina (UFSC), de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto Federal Fluminense (IFF). No exterior, o projeto contou com as parcerias da Universidade de Vigo, da Sapienza Università di Roma, da Morehead State University e California State Polytechnic University.
“A oportunidade de trabalhar em conjunto com universidades estrangeiras, como a Universidade de Vigo, ao lado de engenheiros experientes, foi fundamental para o sucesso da primeira missão”, destacou o engenheiro mecatrônico e bolsista da AEB, Gabriel Figueiró.
Trajetória
O modelo de voo do Serpens foi testado no Laboratório de Integração e Testes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), em São José dos Campos, São Paulo, entre fevereiro e março de 2015. Enviado em julho ao Japão, o satélite partiu no mês seguinte rumo à Estação Espacial Internacional (ISS na sigla em inglês). No dia 17 de setembro, o Serpens entrou em órbita.