O Brasil irá à Lua em 2020

Cientistas brasileiros ligados ao grupo ZENITH Aerospace, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-SP) lançou com sucesso um protótipo de sonda acoplada a um balão de grande altitude, a Garatéa II, a fim de testar a tecnologia para realizar a primeira missão lunar brasileira, que já está confirmada para acontecer em 2020. Confira como foi o lançamento:


Esse foi apenas um teste para a missão principal, chamada Garatéa, que significa “busca-vidas” em tupi-guarani. Ela será a primeira missão brasileira a viajar pelo espaço profundo, e posteriormente, orbitar a Lua por pelo menos 6 meses.

Na verdade, esse já é o segundo teste realizado pelo grupo, sendo que o primeiro (Garatéa I) ocorreu em maio de 2016, e também consistiu em uma pequena sonda acoplada a um balão meteorológico.


O teste que acaba de ser realizado (Garatéa II) levou uma série de experimentos científicos a uma altitude de 30 km, em uma região da atmosfera onde a camada de ozônio é praticamente inexistente, e os raios solares quase não são bloqueados.

A pequena Garatéa II levou colônias de microrganismos e moléculas. Elas passarão por um teste de sobrevivência ao serem expostas em um ambiente extremo e “inóspito”, afinal, um dos objetivos da missão lunar brasileira é testar tais efeitos em microrganismos no espaço, sobretudo, enquanto orbitar a Lua.

Garatéa – a primeira missão lunar brasileira

De acordo com Lucas Fonseca, engenheiro espacial da empresa Airvantis e gerente da missão Garatéa, a missão já vem sendo planejada desde 2013, mas foi no segundo semestre de 2016 que eles conseguiram apoio de uma iniciativa europeia para torná-la realidade. “Será a primeira missão lunar da América do Sul, e pretende fazer experimentos inéditos”, disse Lucas. “Seus resultados podem ter implicações imensas não só para o conhecimento humano, como também para a inovação e construção de tecnologia no Brasil.”

A missão Garatéa tem como objetivo levar a sonda Garatéa-L, um nanossatélite, a orbitar a Lua por cerca de 6 meses. Colônias de microrganismos conhecidos como extremófilos também serão enviadas, a fim de entendermos como elas se comportarão sob a influência da radiação cósmica. Além disso, amostras de células humanas também estarão dentro do satélite brasileiro, com o objetivo de analisar o efeito da radiação cósmica em astronautas, o que é fundamental para futuras missões tripuladas com destino a Lua, Marte, ou qualquer outro mundo.

O pequeno satélite brasileiro Garatéa-L que irá orbitar a Lua, pesa 7,2 quilos, e sua forma de cubo tem as dimensões 10x20x30 centímetros. Ele será enviado ao espaço a bordo de um foguete indiano PSLC-C11, junto com mais 5 satélites de outros países.

Ilustração artística do nano-satélite Garatéa-L
Créditos: Garatéa / divulgação

O satélite brasileiro irá coletar imagens da Lua através de câmeras de alta-resolução. Projetos educacionais também serão lançados, abrangendo alunos com especializações na área espacial, e assim, abrir as portas para o desenvolvimento tecnológico nacional.

“A ideia é que essa missão seja o início da exploração brasileira do espaço profundo, e mostre que somos capazes de, com nossos recursos, produzir ciência de ponta nessa área”, disse Douglas Galante, pesquisador do LNLS e coordenador de experimentos de astrobiologia da missão Garatéa.

A missão Garatéa tem a participação de pesquisadores de diversas instituições científicas nacionais, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS), Universidade de São Paulo (USP), Instituto Mauá de Tecnologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-SP), entre outras. O orçamento da missão é de 35 milhões de reais, e utilizará recursos públicos e privados.

Emblema oficial da missão Garatéa.
Créditos: Garatéa / divulgação

No site oficial da missão Garatéa, é possível obter detalhes e atualizações. Além disso, você pode enviar o seu nome para a órbita lunar

Uma experiência a nível mundial

O programa Apollo, ocorrido há dezenas de anos, foi o único a expôr organismos vivos ao espaço profundo. Mas naquela época, os estudos da astrobiologia estavam “engatinhando”, e não foi possível concluir as análises de forma satisfatória.

Atualmente, os astrobiólogos possuem ferramentas e conhecimento muito mais avançados do que há 50 anos. Em 2020, tudo isso estará ainda mais evoluído. O mundo inteiro irá acompanhar os resultados da missão brasileira, pois ela pode revelar detalhes incríveis sobre como a nossa biologia reagirá em missões de longa duração à outros mundos.

 

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Posted by Wladimir

Nerd desde sempre. Começou a programar em Basic, em um CP 400 Color II lá por 1985. Fã de Star Wars, Star Trek e outras séries espaciais. Pai de 4 filhos - um era pra se chamar Linus, mas o nome encontrou muita resistência :( Aliás, software livre é outra paixão. Usuário Linux desde 1999. Presidente da Associação Software Livre Santa Catarina. Defensor do livre compartilhamento. É o compartilhamento que tem feito a humanidade avançar. As ideias são uma construção coletiva da humanidade :) Foi fundador do Partido Pirata do Brasil e membro de sua 1ª Executiva Nacional (2012-2014). Foi também assessor do gabinete do Ministro da Ciência e Tecnologia durante 2016, até a efetivação do golpe que destituiu Dilma Rousseff. Ah, também é editor aqui dessa bagaça, onde, aliás, você também pode colaborar. Só entrar em contato (42@nerdices.com.br) e enviar suas dicas, artigos, notícias etc. Afinal, a Força somos nós!

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