Atualmente, cientistas podem observar o interior do corpo sem a necessidade de abri-lo, mas órgãos e pele ainda funcionam como barreira visual em alguns exames.
Para nos dar uma nova percepção, pesquisadores estão fazendo corpos inteiramente transparentes. Essa ideia aplicada a estruturas orgânicas já existe há vários anos, mas pesquisadores da Alemanha alegam ter criado o método mais eficaz até o momento.
Eles dizem ter produzido um rato não apenas transparente, mas também que brilha no escuro. A técnica batizada de uDISCO ainda encolhe o roedor para cerca de um terço de seu volume original. O trabalho foi publicado na revista Nature Methods.
Para fazer o rato transparente, os pesquisadores primeiro removeram a pele. Depois, injetaram e banharam o animal com uma série de produtos químicos, incluindo um agente desidratante e um solvente orgânico. Esse processo levou alguns dias para surtir efeitos – nele, foram removidos, gradualmente, água e lipídios das células do rato.
O processo de desidratação é o que faz o rato encolher, e o dos lipídios serviu para tornar o animal transparente. O resultado final é um rato com suas estruturas internas – mesmo os ossos – completamente intactas e quase totalmente visíveis a olho nu. Através da coloração de sistemas orgânicos de interesse com proteínas fluorescentes, os pesquisadores criaram um mapa visível de várias estruturas do rato, como veias e neurônios.
Cérebro verde brilhante
Como prova do conceito, os pesquisadores coloriram os neurônios do cérebro do rato com um corante fluorescente e aplicaram a técnica uDISCO. Desta maneira, ficou criado um mapa brilhante do sistema nervoso central onde é possível observar conexões e caminhos que são executados a partir do cérebro para a medula espinhal. O mesmo processo pode ser usado em veias e outros órgãos para verificar se há danos ou simplesmente entender melhor como funcionam.
Também foi feito um teste com um pequeno pedaço de tecido humano, abrindo possibilidades para o estudo com órgãos humanos transparentes.
Potenciais aplicações para a técnica incluem pesquisas celulares e também poderia ajudar neurologistas a entender como os neurônios são definidos e conectados sem danificar o cérebro.
Fonte: Discover Magazine , Nature