A Harold Ramis, ator, realizador e argumentista falecido na manhã de segunda-feira aos 69 anos, devem-se três das comédias mais importantes do cinema norte-americano pós-1970. Foi um dos argumentistas de A República dos Cucos (1978) de John Landis, comédia ambientada numa república universitária que trouxe para o cinema toda uma geração de atores formada nos palcos da stand-up comedy e da televisão semanal.
Depois, interpretou e escreveu Os Caça-Fantasmas (1984) de Ivan Reitman. Era ele o terceiro cientista excêntrico, de óculos e cabelo frisado, contracenando com Bill Murray, Dan Aykroyd e Rick Moranis – todos eles colegas dos seus tempos de comediante na companhia de Chicago Second City, troupe improvisacional da qual faziam também parte John Belushi ou Martin Short. Ramis co-escreveu e interpretou igualmente a sequela estreada em 1989.
Finalmente, co-escreveu e realizou O Feitiço do Tempo (1993), com Murray no papel de um meteorologista que se vê obrigado a reviver constantemente o mesmo dia – e que se tornou, com o correr dos anos, num dos clássicos da comédia americana recente.
Inicialmente apenas argumentista e ator, trabalhando quer nos palcos de Chicago e Los Angeles quer nos programas televisivos Second City Television e Saturday Night Live, Ramis acabaria por dirigir onze filmes, todos eles comédias, a partir de O Clube dos Malandrecos (1980).
Para lá de O Feitiço do Tempo, ainda o seu título mais reconhecido, devem-se-lhe ainda Os Meus Duplos, a Minha Mulher e Eu (1996), com Michael Keaton a desdobrar-se em clones; Uma Questão de Nervos (1999), com Robert de Niro no papel de um mafioso que consulta um psiquiatra interpretado por Billy Crystal, e a sua sequela Outra Questão de Nervos (2002); e Sedutora Endiabrada (2000), com Brendan Fraser a assinar um pacto com o Diabo sob a forma da escultural Elizabeth Hurley.
O seu último filme foi Year One (2009), uma comédia pré-histórica com Jack Black e Michael Cera. Dirigiu igualmente vários episódios da versão americana da série The Office e participou como ator em filmes como Melhor é Impossível (1997) de James L. Brooks, ou Um Azar do Caraças (2007) de Judd Apatow.
Apatow, atual “eminência parda” da comédia americana, considera Ramis e a sua geração como “pais espirituais” e grandes influências do tipo de comédia que procurava fazer.
Pai de três filhos e casado em segundas núpcias, Ramis morreu na sua Chicago natal na manhã de segunda-feira. Sofria desde 2010 de uma doença inflamatória rara que o levaria a retirar-se da atividade pública, sem que a sua ausência abafasse os rumores de um possível terceiro episódio das aventuras dos Caça-Fantasmas.
fonte: Público