Artigo de Harlley Sathler, publicado na lista Palm-BR, diante dos recentes lançamentos anunciados pela HP.
Eu sou usuário do Windows Phone desde o 7.5, passei pelo 7.8 e agora estou no 8. Gosto do sistema, gosto da experiência de uso mas a Microsoft toca o desenvolvimento do sistema com a agilidade de uma lesma! Mesmo com as vendas de desktops despencando e o cenário ficando a cada dia um pouco mais sombrio para o Windows, de maneira geral, parece que os executivossauros lá dentro ainda não acordaram para o fato de que o mundo está ficando cada vez mais mobile e não dão a devida atenção ao sistema.
Por exemplo, a próxima “grande” atualização do sistema trás como um de seus pontos fortes (pasme) uma central de notificações que o Android tem desde há muito tempo, que o iOS tem desde a versão 5 ou 6 (já não me lembro) e que o WebOS tem desde sempre! As ações que a Microsoft toma no desenvolvimento do Windows Phone são muito mais reações à concorrência do que iniciativa, propriamente dita. Acho que a única coisa nova foi o visual do sistema.
Numa tentativa de desfazer aquela impressão ruim que todo mundo tem do Windows no quesito segurança, o uso das APIs do WP é extremamente restrito. Aplicativos de terceiros, por exemplo, só podem acessar a localização do telefone a cada 30 minutos, o que faz com que um aplicativo de alarmes baseados na localização como um que eu comprei, seja completamente inútil! Os tão falados Live Tiles, grande (e talvez único) diferencial do sistema são live se isso significar atualizações a cada 30 minutos também no caso de apps de terceiros.
Finalmente entra a questão do hardware: Windows Phone virou sinônimo de Nokia e vice-versa. Muita gente que usa Windows Phone hoje, principalmente o público não geek, usa por causa do nome Nokia estampado na frente. Tanto que há aparelhos até bons tanto da Samsung quanto da HTC que rodam o sistema móvel da Microsoft e não vendem quase nada.
A Nokia abraçou o Windows Phone por causa disso. Para não ser apenas mais um Android no meio de uma enxurrada e pra não ter como principal concorrente a Samsung. Mesmo vendendo bem para os atuais padrões dela, não foi suficiente para colocá-la numa posição boa no mercado. Hoje Windows Phone é sinônimo de Nokia e vice e versa, então dá pra falar com alguma segurança que a Nokia detém o terceiro lugar no mercado de sistemas operacionais, mas esse terceiro lugar (e veja, ela ainda assim concorre com outros fabricantes que também usam o mesmo sistema) representa menos de 4% do mercado. Se for olhar os números enquanto fabricante de aparelhos, que na bem da verdade é o que ela é, as coisas pioram! Ela está atrás até de empresas cujos nomes a gente nunca nem ouviu falar.
Então, não, não adiantaria a HP correr pro lado do Windows Phone. Acho que a melhor chance que a HP teve foi ao comprar a Palm, porque ela tinha nas mãos um modelo parecido com o da Apple, ditando as especificações tanto do sistema operacional quanto do hardware, mas não souberam aproveitar e agora tentam correr atrás de um bonde que já passou faz tempo.
Um colega meu cunhou uma expressão excelente e que acho que cabe bem na nova presidente da HP: Psico-Barbie. No mundo dela tudo são flores, ela vive numa realidade alternativa!
Maluco acho que era o Leo sei lá do que, que a precedeu. E bêbados estavam o resto do conselho que apoiou a decisão estúpida do cara em matar o WebOS e seus dispositivos. Porque pensa bem: Você gasta uma grana pra comprar a Palm (foram alguns bilhões, né? Não lembro do valor), experimenta um pouquinho e nem dá a chance dos produtos se firmarem, aí você pega isso tudo e joga no lixo! Veja bem, você pega aquele investimento de bilhões de dólares e joga fora!!! Tem diferença entre isso e queimar dinheiro, jogar do alto de um prédio ou qualquer maluquice assim?!
Sério, esses eram os verdadeiros loucos!
Pois é, na cabeça deles eles vão ter pernas pra competir com a Sammy no mundo dos Androids. E o pior, acham que vão conseguir competir com esses negócios esquisitos aí que lançaram? (veja aqui o anúncio dos lançamentos da HP) ! Fala sério…
Com a lentidão da HP, eles vão levar uma surra da Samsung. Ai fico na curiosidade: Será que na hora que verem as vendas pífias, vão fazer como fizeram com o TouchPad? Nunca pus a mão num TouchPad, mas sinceramente ele trazia coisas muito mais interessantes tipo o carregamento indutivo que na época era novidade. Aliás, até hoje! Ainda não vi um tablet da Samsung, por exemplo, que tenha esse recurso. Fora o design do produto em si que era bem melhor que essas aberrações de bordas douradas.
Mas pensando bem… se eles querem continuar com smartphones iam fazer o que? Eles mesmos MATARAM o WebOS! Então não restava outra alternativa que não fosse usar outro OS…
A melhor chance que eles tiveram foi com o WebOS e jogaram fora! Eles não só mataram um sistema operacional, uma cadeia de produtos e acessórios e um ecossistema que começava a se formar em torno disso tudo, como conseguiram castrar qualquer possibilidade de retorno com alguma relevância a esse mercado! Vão vender (possivelmente) caro a mesma coisa que um monte de gente vende a preço de banana, vão vender um produto possivelmente ruim (ainda mais pela provável faixa de preço) e sem diferencial nenhum! E o pior, acho que a marca deles já não traz tanta expressão assim. Pelo menos eu nunca vi um fanboy da HP… Se houver é só na linha de calculadoras!
Sinceramente, esse mercado tá ficando um saco! Não gosto de Android, acho que a Apple tá perdendo o rumo (detestei o iOS 7), a Microsoft que pensei ser a salvação (é o final dos tempos mesmo!) parece não se importar com o mercado mobile e a Palm não existe mais. A Blackberry que parece ter acertado a mão no BBOS, se acertou mesmo o fez muito tarde e está praticamente quebrada e aí eu paro pra pensar no que sobrou… mais nada!
Não há uma opção para quem não quer cair no Android (como eu não quero) e que não quer ter que vender um rim, uma córnea e meio fígado por um iPhone.
A única coisa que estou acompanhando com bastante curiosidade do lado de cá do Atlântico é a tal da Jolla, finlandesa formada por ex funcionários da Nokia e que desenvolveram um telefone nos moldes do N9 e um sistema operacional próprio, o Sailfish OS, com um SDK próprio mas que aceita uma penca de aplicativos de Android e que tem sido muito elogiado pela crítica, mas que por ser uma empresa jovem e muito pequena, não tem condições de produzir em escala maior e arriscar em outros mercados. Pelo menos dizem ter planos de lançar o sistema para outros aparelhos de outras fabricantes. Já anunciaram um possível port para o N9 e alguns Androids esquecidos pelos fabricantes.