É possível estocar vento?

Nessa semana o assunto energia eólica foi muito comentado nas redes sociais. Isso aconteceu a partir de um discurso feito pela presidenta Dilma Rousseff, no final do mês passado, onde ela fala da ideia de se desenvolver uma tecnologia para “estocar o vento”.

O fato está sendo usado, obviamente, pelas pessoas que não aprovam o governo de Dilma, para demonstrar que a presidenta seria, na verdade, uma presidAnta.

Como a zueira não tem fim e a internet é o lugar preferido dos zueros, rapidamente se espalhou o vídeo original e versões remixadas. Abaixo reproduzimos uma das mais engraçadas:

Agora, zuera à parte, o que a Dilma falou tem fundamento e inclusive já existe. Infelizmente os governantes conhecem pouco sobre energia, ou fingem conhecer, e por isso repetem sempre as mesmas políticas que privilegiam o uso de petróleo, carvão, gás e hidrelétricas, ignorando totalmente energias limpas e renováveis como a solar e a eólica.

Esse caso serviu para, pelo menos, criar uma oportunidade para se discutir esse tema. Bom, realizamos algumas pesquisas na internet e reproduzimos aqui algumas informações que encontramos.

Fazenda de energia eólica

Sempre que se fala de energia solar ou energia eólica, o primeiro empecilho que se coloca é que uma rede de geração de energia “de verdade” não poderia ser dependente dessas fontes porque elas não seriam confiáveis. Afinal, um gerador eólica só iria produzir energia quando estivesse ventando, assim como um conjunto de painéis solares só iria produzir eletricidade durante o dia e em dias não nublados.

Falsos argumentos

Esses argumentos, contudo, não têm nenhum fundamento científico e “se esquecem” de um detalhe crucial: é possível armazenar energia. Baterias, supercapacitores, flywheels são alternativas bem conhecidas quando se trata de armazenar energia elétrica.

Mas agora, um consórcio de empresas dos Estados Unidos, reunidas no Iowa Stored Energy Park, foi muito além e vai armazenar o próprio vento, que será utilizado para gerar energia quando for necessário. Ou, mais especificamente, nos momentos de pico de demanda, quando a energia é mais cara e pode oferecer um maior faturamento para o grupo.

Armazenando o vento em rochas

A maioria das fazendas de geração de energia eólica passa por períodos nos quais o vento é mais forte do que o necessário, principalmente à noite. Essa energia extra será utilizada para alimentar enormes compressores de ar, que enviarão o ar comprimido por meio de um túnel para uma camada de arenito localizada a cerca de 1.000 metros de profundidade.

O arenito é uma rocha extremamente porosa e, a essa profundidade, fica encharcado de água. O ar sob pressão ficará armazenado nesses poros, expulsando a água. O arenito fica localizado entre camadas de argila, que funcionam como um lacre que não deixa o ar escapar. Nos momentos de pico de demanda, quando mais energia é necessária, o ar comprimido nessas rochas profundas será então redirecionado para a superfície, sendo utilizado para gerar eletricidade.

A usina não é inteiramente movida pela energia do vento. Ela é na verdade uma usina híbrida, que utiliza energia eólica e uma turbina movida a gás natural. O ar-comprimido consegue elevar o rendimento da turbina em até 60%.

Dinamarca: energia eólica excedente armazenada em baterias

As baterias dos carros elétricos poderão servir em breve para armazenar energia eólica excedente, permitindo que este setor continue a desenvolver o seu potencial na Dinamarca, sem desperdícios.

Em 2020, este país espera produzir metade da eletricidade que consome através da energia eólica, mas para tal precisa desenvolver e reforçar a sua rede de distribuição, garantindo ao mesmo tempo o equilíbrio do sistema.

Os carros elétricos, cujo potencial a Dinamarca também quer explorar, vão servir igualmente este objetivo, armazenando nas baterias o excesso de energia produzida.

“O ideal seria armazenar o excesso para usar para quando não há vento, mas como não conseguimos fazê-lo, vamos usá-lo nas baterias dos carros e nas bombas de calor (equipamentos que transformam a eletricidade em calor)”, afirmou Peter Jorgensen, da Energinet, a empresa dinamarquesa que gere os sistemas de eletricidade e gás natural.

Fontes: Inovação TecnológicaDiário Digital

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Posted by Wladimir

Nerd desde sempre. Começou a programar em Basic, em um CP 400 Color II lá por 1985. Fã de Star Wars, Star Trek e outras séries espaciais. Pai de 4 filhos - um era pra se chamar Linus, mas o nome encontrou muita resistência :( Aliás, software livre é outra paixão. Usuário Linux desde 1999. Presidente da Associação Software Livre Santa Catarina. Defensor do livre compartilhamento. É o compartilhamento que tem feito a humanidade avançar. As ideias são uma construção coletiva da humanidade :) Foi fundador do Partido Pirata do Brasil e membro de sua 1ª Executiva Nacional (2012-2014). Foi também assessor do gabinete do Ministro da Ciência e Tecnologia durante 2016, até a efetivação do golpe que destituiu Dilma Rousseff. Ah, também é editor aqui dessa bagaça, onde, aliás, você também pode colaborar. Só entrar em contato (42@nerdices.com.br) e enviar suas dicas, artigos, notícias etc. Afinal, a Força somos nós!

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