Uma ideia peculiar que parece ficção científica. Pesquisadores inventaram uma forma de rapidamente transformar fezes em comida, usando micróbios, para alimentar astronautas em longas missões. Por meio de um biorreator espacial, será produzida uma biomassa rica em proteínas e gorduras. O equipamento foi elaborado pela Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia – EUA.
Segundo artigo publicado na revista Life Science in Space Research, a biomassa poderia ser ingerida direta ou indiretamente por astronautas e, apesar do estranhamento inicial que causa, a ideia vem para solucionar um dos maiores problemas provenientes das missões planejadas pela NASA para Marte, ou além. Afinal, essas missões poderão durar meses ou até anos. Fora problemas ligados à radiação a que podem ser expostos os astronautas, a alimentação é a questão de maior importância para que os planos no espaço se concretizem.
A hipótese de levar comida para todo o tempo previsto na missão ocupa muito espaço e aumenta o gasto de combustível da nave. Já cultivar comida no caminho também consumiria bastante água, além de ser estruturalmente complexo. Daí, a necessidade por essa solução mais prática, reaproveitando resíduos inutilizáveis do corpo dos próprios astronautas.
Para averiguar essa ideia, pesquisadores utilizaram resíduos líquidos e sólidos artificiais, comumente usados em testes de administração deles, para as missões. Criaram, então, um equipamento cilíndrico com pouco mais de 1 metro de comprimento e 10 centímetros de diâmetro. Ali, as fezes entram em contato com micróbios específicos que vão decompor aquela matéria por meio de digestão anaeróbica, um processo similar à digestão humana.
Esse processo de digestão anaeróbica é bastante usado no tratamento de lixo, atualmente. Ao desenvolver o projeto, dois desafios foram solucionados por biólogos e engenheiros. O primeiro veio da demora inicial no processo de transformação da massa (resolvido com uma técnica hoje utilizada na purificação da água), e o segundo era relacionado ao metano.
O metano, utilizado no processamento das bactérias, teria o potencial de ocasionar incêndios na nave ou na Estação Espacial. Como solução, foi utilizada a bactéria Methylococcus capsulatu, capaz de “comer” metano. Segundo um porta-voz da equipe, Christopher House, essa opção para a alimentação de astronautas é bastante eficiente e mais rápida do que cultivar tomates e batatas.