“À medida que melhoramos nossa compreensão da Terra antiga e da história do nosso Sistema Solar, talvez possamos descobrir algum dia evidências que sugerem a atividade de outra civilização tecnológica aqui na nossa vizinhança”, diz Andrew Siemion, diretor do Instituto SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre).
Uma das questões abertas da astrobiologia é se a vida existe ou já existiu em outro lugar do Sistema Solar. O astrônomo Jason Wright, da Universidade Estadual da Pensilvânia, diz que estamos à procura de vida microbiana ou, na melhor das hipóteses, não inteligente, embora artefatos tecnológicos possam ser muito mais fáceis de serem encontrados. Pesquisas de artefatos extraterrestres no Sistema Solar normalmente pressupõem que as origens desses artefatos seriam de outros sistemas, mesmo que a vida tenha existido no nosso próprio Sistema Solar, há milhões de anos atrás…
Mas se uma espécie tecnológica, talvez espacial, já surgiu no Sistema Solar, ela poderia ter produzido artefatos ou outros objetos tecnológicos que estariam escondidos em algum lugar até os dias atuais.
As origens e os possíveis artefatos tecnológicos de uma espécie avançada anterior poderiam ter surgido na Terra antiga ou em outro mundo, como Vênus (antes de seu efeito estufa), ou em Marte quando ainda havia água abundante… No caso de Vênus, o efeito estufa global poderia ter apagado qualquer evidência em sua superfície. No caso da Terra, a erosão e as placas tectônicas poderiam ter apagado a maior parte dessas evidências, caso alguma espécie avançada tenha vivido aqui a um bilhão de anos atrás.
Jason sugere que poderia ter havido uma explosão de vida durante ou após o período cambriano, quando surgiu uma onda repentina de animais complexos, de acordo com registros fósseis. “Uma catástrofe cósmica poderia ter destruído essa espécie precoce, apagando todo e qualquer sinal de sua existência, forçando a biosfera a começar de novo com as poucas espécies celulares que sobreviveram”, disse Jason.
Podemos já ter visto as marcas tecnológicas no registro geológico, mas talvez confundimos com fenômenos naturais, disse Jason. Ou, a evidência pode ter sido apagada a muito tempo com o deslocamento das placas tectônicas. “A Terra é bastante eficiente (na escala de tempo cósmica) em destruir provas de tecnologia em sua superfície”, ele escreve no jornal.
Jason aponta ainda que existe uma grande chance disso ter ocorrido, já que a Terra é o único lugar onde a vida inteligente tem e teve condições de prosperar, o que a torna o alvo principal na busca por outras civilizações inteligentes.
Podemos esperar que qualquer evidência tecnológica esquecida em Marte poderia estar enterrada abaixo de sua superfície, apesar do planeta ser mapeado por satélites e rovers constantemente. Já no caso de Vênus, acredita-se que as chances são maiores. “Pelo que sabemos, Vênus poderia ter tido cidades espalhadas por toda parte há um bilhão de anos, mas que agora teriam desaparecido”, disse Jason.
A sugestão de que artefatos de outras espécies inteligentes poderiam estar espalhadas pelo Sistema Solar é antiga, segundo Jason, pois isso foi considerado pela primeira vez na literatura na década de 1890.
Se uma antiga espécie tecnológica já existiu no nosso próprio Sistema Solar, por que teriam sido extintos? Jason sugere que um impacto de um grande asteroide tenha gerado uma extinção em massa, ou uma supernova a menos de 30 anos-luz, ou uma explosão letal de raios-gama. Talvez, essa possível espécie tenha acabado de morrer, deixando para trás indícios de sua história.