Há uma chance de 90% de que uma estrela irá se aproximar da Terra nos próximos 500 mil anos. Parece muito tempo? Mas acredite: para o Universo isso é um piscar de olhos, e se os cientistas estiverem corretos, ela está vindo “a todo vapor” em nossa direção. Conhecida como Hipparcos 85.605 (ou HIP 85.605) ela é uma estrela anã, e está atualmente a uma distância de 16 anos-luz da Terra.
Coryn Bailer-Jones, do Instituto Max Planck de Astronomia, modelou o passado e o futuro do movimento de 50.000 estrelas usando dados do satélite Hipparcos da Agência Espacial Europeia, que examinou o céu na década de 1990. Ele encontrou 14 estrelas que chegarão a uma distância de 3,26 anos-luz da Terra (um parsec), e 4 outras estrelas que chegarão a apenas 1,6 anos-luz (0,5 parsec).
De todos esses encontros, nenhum chamou tanto a atenção dos cientistas quanto este: o encontro mais próximo parece ser o da estrela HIP 85605, que é uma estrela tipo K (uma anã laranja) ou uma estrela M (uma anã vermelha), na constelação de Hércules. A estrela tem uma probabilidade de 90% de chegar bem próximo da Terra, a uma distância de apenas 0,13 e 0,65 anos-luz, e isso pode acontecer dentro de 240 mil a 470 mil anos!
A segunda estrela que fará a maior aproximação será Gliese 710 (GL 710), uma anã do tipo K7. Atualmente, GL 710 está a uma distância de 63 anos-luz da Terra, na constelação de Ophiucus. Essa estrela anã tem uma chance de 90% de chegar a apenas 0,32 e 1,44 anos-luz da Terra, dentro de aproximadamente 1,3 milhões de anos.
Apesar das estrelas HIP 85605 e GL 710 não representarem um perigo de colisão direta, sua forças gravitacionais poderiam, no entanto, fazer algo bem mais amedrontador do que uma colisão direta. Elas poderão, com o tempo, influenciar gravitacionalmente a Nuvem de Oort no Sistema Solar exterior, e arremessar milhões de cometas em direção ao Sistema Solar interior, que é exatamente onde nós estamos!
“Acho que podemos prever com segurança que as órbitas dos cometas seriam alteradas por esses encontros”, comenta Bailer-Jones. Ele diz que uma chuva de cometas e asteróides poderia durar centenas ou milhares de anos por conta de uma passagem de uma estrela. Uma perturbação como essa já aconteceu antes, que segundo cientistas pode ter sido causada por gamma Microscopii, uma gigante G6 que chegou a apenas 1,14 ou 4,37 anos-luz da Terra, a cerca de 3,8 milhões de anos atrás. Coincidência?
E será que alguma dessas estrelas poderá trazer seus planetas nessa viagem? Provavelmente sim, mas não será tão próximo a ponto de colidir conosco, tampouco nos dará a chance de visitá-los (caso ainda estejamos por aqui). De acordo com Bailer-Jones, a sua velocidade ao redor de suas estrelas viajantes seria tão alta que seria mais difícil visitá-los do que fazer uma viagem para sistemas estelares mais distantes.
Bailer-Jones também adverte que algumas das estrelas estudadas na simulação têm “dados questionáveis”, de modo que essas estimativas podem sofrer alterações futuramente. “Este estudo é limitado a estrelas que sabemos precisamente quais são suas distâncias e velocidades, ou seja, isso nos limita a estudar estrelas que estejam dentro de algumas dezenas de anos-luz do Sol”.
Tudo certo aqui … foi só uma marolinha.