Astrônomos descobriram um corpo celeste localizado depois de Netuno – assim classificado como um Objeto Trans-Netuniano – que se movimenta em uma órbita atípica, na direção contrária à percorrida por planetas ou asteroides que orbitam o Sol.
O brilho do corpo celeste é 160 mil vezes mais fraco que o de Netuno, o que significa que ele pode ter menos de 200 km de diâmetro.
Mas o grande mistério é a sua órbita, na direção contrária da grande maioria dos objetos do Sistema Solar – inclusive da Terra. Além disso, ele orbita em um plano com uma inclinação de 110º graus em relação ao Sistema Solar.
Por isso, ganhou o nome de “Niku”, rebelde em chinês.
“Espero que todo mundo tenha apertado os cintos de segurança, porque o Sistema Solar externo acaba de ficar muito mais estranho”, disse a astrônoma Michele Bannister, da Universidade Queens, em Londres.
Muitas coisas sem explicações
De acordo com os astrônomos, os sistemas planetários costumam ser “planos”, já que a nuvens de gás formadoras de estrelas criam um disco achatado de poeira e gás ao seu redor. As forças atuam para que todas as partículas ali girem na mesma direção e em um mesmo nível.
Por isso, para qualquer coisa girar em outra direção ou ter uma inclinação diferente, ela tem que ter sido atingida por um outro objeto. Mas ainda não se sabe o que pode ter causado o fenômeno no caso do Niku.
“Sempre que há algo que não conseguimos explicar no Sistema Solar exterior, é muito interessante porque, de certa forma, está antecipando uma nova descoberta,” disse Konstantin Batygin, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos.
Hipóteses
Uma hipótese que chegou a ser cogitada é a de que o objeto esteja sendo atraído pela mesma força gravitacional que age sobre um grupo de corpos celestes alinhados de forma pouco usual no Cinturão de Kuiper – área no limite extremo do Sistema Solar após Netuno.
Esse grupo seria atraído por um planeta gigante que orbita o sol uma vez a cada 10 mil a 20 mil anos, o hipotético “Planeta Nove”. Mas Niku está perto demais do centro do Sistema Solar para fazer parte deste grupo.
Também cogitou-se que poderia haver por ali um planeta anão, como Plutão, que ocasionasse esse efeito. Mas, até agora, esse hipotético planeta anão ainda não foi descoberto.