De onde viemos? Como a vida foi originada? A pergunta simples é uma das mais difíceis de ser respondida. A indagação já não é tão fácil se o contexto for técnico: como os primeiros aminoácidos conseguiram se agrupar nas proteínas necessárias para criar as primeiras células vivas? E como foi a transição desses primeiros blocos de vida às primeiras formas vivas, há 4 bilhões de anos? Embora pareça inacreditável, alguns cientistas Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, chegaram a uma resposta, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
A teoria até então aceita e que muitos de nós aprendemos na escola na aula de ciências é a de que no início a vida surgiu a partir de uma sopa primordial de aminoácidos. Células individuais tornaram-se formas de vida complexas, através de milhões de anos de evolução. Mas como simples substâncias químicas resultaram em seres vivos ainda é um mistério científico.
Até hoje, considerava-se que o hipotético último ser vivo a partir do qual todos nós descendemos, o chamado Último Antepassado Comum Universal (LUCA, na sigla em inglês), surgiu há 3,6 bilhões de anos como um organismo unicelular dotado de todos os componentes básicos que caracterizam os seres vivos de todos os tempos. No entanto, não se sabia o que havia acontecido antes da sua aparição na Terra.
Os pesquisadores deram esse passo incrível à origem da vida, afirmando que o RNA não teve que inventar a si mesmo a partir da sopa primordial, mas que antes já havia interações entre aminoácidos e nucleotídeos que acabaram por levar à criação de proteínas e de RNA.
Interações estreitas
Os pesquisadores explicam que “muito antes das moléculas maiores e sofisticadas entrarem em cena, foi essencial uma relação estreita entre as propriedades físicas dos aminoácidos, o código genético e proteínas. E essa interação estreita foi, provavelmente, o fator-chave que tornou possível a evolução desde os blocos de vida até os primeiros organismos”.
“Nosso trabalho mostra que a estreita ligação entre as propriedades físicas dos aminoácidos, o código genético, e o enovelamento de proteínas foi, provavelmente, essencial desde o início, muito antes de moléculas grandes e sofisticados chegaram ao local”, disse Charles Carter, professor de bioquímica e biofísica na Faculdade de Medicina da UNC, em um comunicado divulgado sobre o estudo.
Os pesquisadores estavam tentando descobrir como o LUCA teria se desenvolvido. Então, eles conduziram uma série de experimentos bioquímicos nas altas temperaturas que deveriam existir há 4 bilhões de anos na Terra. Eles descobriram que uma longa série de reações e interações poderiam eventualmente produzir vida nesse ambiente.
De acordo com o estudo o primeiro e até agora desconhecido código genético permitiu que os primeiros peptídeos de aminoácidos se unissem ao RNA – que por si só permitiu que o processo de seleção natural para começar. E esse processo natural resultou em uma única célula, que deu início a uma vida mais complexa no futuro.
Fonte: ABC , Bioscience Technology