Esqueça por um momento os super-smartphones e mesmo o estardalhaço que se aproxima com o provável anúncio do iPad 3, na quarta-feira, 7. Agora preste atenção no que pode ser um dos fenômenos do ano: um computador que custa US$ 35 (R$ 60,00) e nem carcaça tem.
O Raspberry Pi é a máquina em estado cru: uma placa de circuito com entradas HDMI, ethernet, USB, AV e para cartão SD. Tem 256 MB de processamento. Seu sistema operacional é Linux. Conectado à um monitor qualquer, faz tudo que um computador médio faz: navega na internet, edita textos, roda uma série de programas e passa vídeo em HD.
Mas seu objetivo não é ser um PC ridiculamente barato. O Raspberry Pi foi desenvolvido com um claro propósito educacional: despertar nas crianças o interesse pela programação de computadores. Enquanto realiza suas operações, vai exibindo o código-fonte numa janela aberta no desktop.
Na era dos aparelhos de toque, onde tudo parece acontecer como um passe de mágica, a tendência é esquecer como é que um computador consegue executar suas tarefas.
Segundo escreveu Harriet Green, CEO da Premier Farnell, distribuidora do Raspberry Pi, a geração iPad e Xbox “de certa forma perdeu a noção do que é um computador. Este aparelho está reacendendo o interesse.”
Os números confirmam. Nas primeiras 36 horas (o Pi foi lançado no dia 29/2), aconteceram 30 mil downloads do sistema operacional, três vezes mais que o primeiro lote de 10 mil unidades (esgotado em poucas horas). No fim da semana passada, havia uma média de 700 pedidos por segundo, segundo Green.
O equipamento foi desenvolvido pela fundação Raspberry Pi, organização beneficente fundada por gente ligada ao Laboratório de Computação da Universidade de Cambridge.
No site da fundação, contam que a inspiração foi a preocupação com o “declínio anual na quantidade e nas habilidades dos inscritos no curso de Ciência da Computação. De uma situação nos anos 90 onde a maioria dos candidatos chegavam na entrevista como programadores amadores com experiência, o cenário nos anos 2000 era muito diferente. Um candidato típico fez no máximo um pouco de web design”.
Green complementa: “Eu acho que muitos professores, pais e crianças andam preocupados de estarem se tornando meros consumidores – pegando algo na caixa e ligando na tomada. Há muito com que se preocupar com relação a crianças sendo apenas consumidores em vez de criadores ou inventores”.
Além da versão de US$ 35, o Raspberry Pi também vem numa versão ainda mais econômica, custando US$ 25 (R$ 42,00).
A executiva da Premier Farnell cutuca os grandes fabricantes: “Não há nada que previna empresas como Apple ou Dell ou Lenovo ou HP de fazer algo parecido com o que fizemos. Eu encorajaria de verdade as grandes empresas a examinarem o poder dessa ideia”.
fonte: blog do Estadão
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