Estaríamos mais perto de encontrar alienígenas?

Há vida lá fora? Estaríamos sozinhos nesse universo? As perguntas aparecem desde a infância, quando entendemos a riqueza do nosso planeta e o aparente vazio do sistema solar. Produções de ficção como “Homens de Preto”, “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” e “ET” mostram a nossa obsessão (ou medo) de encontrar extraterrestres. Em tempos em que a tecnologia permite que olhemos a alguns anos-luz de distância pelas lentes de telescópios, estaríamos mais perto de encontrar alienígenas? Ao olhar para o noticiário dos últimos tempos, parece que sim. Ao menos nunca tentamos tanto quanto agora.

Antes, vale lembrar que embarcamos nessa jornada de buscar vida lá fora há algumas décadas, o que é pouquíssimo tempo, considerando a idade de nosso planeta. Recentemente, a China quebrou alguns recordes quando o assunto é buscar vida extraterrestre. No país asiático foi construído o maior radiotelescópio do mundo. Chamado de FAST (Five-hundred-meter Aperture Spherical Telescope), o equipamento custou US$ 180 milhões e teve sua construção iniciada em 1994.

São 4.450 painéis que cobrem uma área equivalente a 30 campos de futebol. Inicialmente, o FAST deve servir de ferramenta de pesquisa para cientistas chineses, mas posteriormente deve ser aberto para pesquisadores de todo o mundo. A missão é clara: buscar extraterrestres, seja detectando ondas gravitacionais ou aminoácidos que possam confirmar a existência de ETs.

Sinais alienígenas ou de micro-ondas?

Em agosto deste ano, foi revelado que cientistas de um radiotelescópio russo captaram um forte sinal de uma estrela chamada HD1645595, localizada a 95 anos-luz de distância da Terra. Apesar da descoberta aparentemente surpreendente, a comunidade científica ficou cética: os pesquisadores demoraram mais de um ano para contatar pesquisadores do SETI (Instituto de Pesquisa por Inteligência Extraterrestre). Além disso, os russos captaram o sinal apenas uma vez em 39 tentativas. Para o SETI, o sinal pode ser de alguma interferência de um transmissor na Terra, mas não há qualquer tipo de conclusão.

O CNET explica que as chances são mínimas, mas caso o sinal seja mesmo de uma sociedade alienígena, eles são muito mais avançados tecnologicamente do que nós, sendo capazes de mandar sinais em um hipotético buraco de minhoca. Mas eles reforçam que a chance é mínima. “Mais provável que seja um micro-ondas”, diz Eric Mack.

A estrela mais misteriosa da galáxia

Já o telescópio Kepler, da NASA, procura planetas analisando padrões de luz emitidos por astros. Em uma dessas pesquisas, em 2009, a Nasa achou uma estrela entre as constelações de Cisne e Lira da Via Láctea, batizada com o nome KIC 8462852. Até aí, nada estranho. Quando a estrela foi analisada novamente em 2011, cientistas perceberem que o padrão de luz da KIC estava diferente: 20% menor do que dois anos antes, sugerindo que um grupo de objetos pode estar orbitando a estrela. Não demorou para entusiastas chamarem esse grupo de objetos de uma “megaestrutura alienígena”.

Enquanto alguns astrônomos fizeram estudos e sugeriram que uma nuvem de cometas foi puxada para o planeta, outros mais ousados sugerem que o que está fazendo a estrela emitir menos luz é uma estrutura alienígena que está coletando energia do astro, como se fossem painéis solares. Quem sugeriu a ideia foi Jason Wright, da Universidade de Penn State. “Alienígenas devem sempre ser a última hipótese a considerar, mas isso parece ser algo que se espera que uma civilização alienígena construa”, afirmou à Atlantic.

Em 2015, o SETI afirmou que a megaestrutura alienígena não é fruto de uma tecnologia de outro planeta e sim um fenômeno natural. Para a descoberta, cientistas procuraram sinais que seriam consistentes com emissões de alienígenas usando a energia de uma estrela, além de enviar sinais de saudações para a estrutura. Não houve qualquer tipo de resposta.

Mesmo assim, cientistas continuaram a estudar a estrutura e revelações de 2016 tornaram tudo mais estranho. Em agosto deste ano, os astrônomos Bem Montet e Joshua Simon, da Caltech e do Carnege Institute, respectivamente, mostraram novos dados envolvendo a estrela. Desta vez, descobriu-se que o brilho dela diminuiu 3,5% nos quatro anos de estudo da Kepler.

Em entrevista ao Gizmodo, Montet mostrou toda a sua sinceridade sobre o caso. “Nós passamos um longo tempo tentando nos convencer de que não era real, mas não conseguimos”, afirmou. Para os pesquisadores, certos fenômenos naturais podem até explicar parte das descobertas, mas ainda restam muitas dúvidas sobre o que está acontecendo. Para tentar descobrir mais informações sobre a estrela, cientistas lançaram uma campanha no Kickstarter para arrecadar dinheiro para os estudos em julho deste ano. O projeto foi financiado, arrecadando mais de US$ 107 mil. Os resultados da pesquisa devem sair até o ano de 2017.

Mais planetas, mais chances

Duas descobertas em 2015 fizeram muita gente cética coçar a cabeça sobre a possível existência de alienígenas. A mais surpreendente delas aconteceu em Marte: a NASA anunciou que existem provas de água líquida e corrente no Planeta Vermelho. A outra descoberta é mais uma suposição: cientistas sugerem que Plutão possa ter água líquida debaixo de sua superfície. A água, elemento em comum nos dois fatos, é considerada essencial para vida como conhecemos hoje em qualquer planeta. Por isso a animação com os fatos.

Além dos planetas já conhecidos, a missão Kepler descobriu mais de 4 mil astros com potencial para vida. Destes, cerca de 20 estão listados como planetas parecidos com a Terra, em estrutura, luminosidade e gravidade, o que permitiria seres parecidos com os que existem em nosso planeta, ou seja, nós. As descobertas continuam: em julho, foi anunciada a descoberta de 1,284 novos planetas, com nove desses considerados zona habitável.

Estamos nos comunicando da maneira errada?

Em comunicado em julho de 2016, Nathalie Cabrol, diretora do SETI, explicou que não estamos procurando da maneira certa. “A vida inteligente pode ser abundante no universo, mas pode ser muito diferente de nós, baseado no que sabemos da evolução da vida e do ambiente”, disse em comunicado. Para ela, os alienígenas podem se comunicar de uma maneira completamente diferente da nossa. Por exemplo, para eles ondas de rádio não pode significar absolutamente nada. “A maioria das espécies de ETs provavelmente desenvolveu formas de comunicação completamente irreconhecíveis para nós”, afirma.

Portanto, os sinais de saudação sem resposta da estrutura alienígena podem ter um motivo. O assunto é constantemente explorado por produções da ficção: enquanto no clássico “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” a comunicação era feita por luzes e cores, o novo “A Chegada” traz a história de uma linguista que é recrutada para tentar entender a comunicação alienígena. Assista ao trailer abaixo:

Artigo do jornalista Pedro Katchborian

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Posted by Wladimir

Nerd desde sempre. Começou a programar em Basic, em um CP 400 Color II lá por 1985. Fã de Star Wars, Star Trek e outras séries espaciais. Pai de 4 filhos - um era pra se chamar Linus, mas o nome encontrou muita resistência :( Aliás, software livre é outra paixão. Usuário Linux desde 1999. Presidente da Associação Software Livre Santa Catarina. Defensor do livre compartilhamento. É o compartilhamento que tem feito a humanidade avançar. As ideias são uma construção coletiva da humanidade :) Foi fundador do Partido Pirata do Brasil e membro de sua 1ª Executiva Nacional (2012-2014). Foi também assessor do gabinete do Ministro da Ciência e Tecnologia durante 2016, até a efetivação do golpe que destituiu Dilma Rousseff. Ah, também é editor aqui dessa bagaça, onde, aliás, você também pode colaborar. Só entrar em contato (42@nerdices.com.br) e enviar suas dicas, artigos, notícias etc. Afinal, a Força somos nós!

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