Não bastasse ter sido proibida de iniciar testes com carros autônomos em São Francisco — uma determinação que a empresa prontamente se negou a respeitar —, a Uber agora admite que colocou seus veículos nas ruas sem que eles estivessem totalmente seguros.
A revelação veio na segunda-feira, 19, em resposta a questionamentos do The Guardian. O jornal queria saber qual era o posicionamento da empresa em relação a relatos de que os carros não lidam muito bem com ciclistas e foi informado que, de fato, há um problema na forma como seu sistema identifica (ou deixa de identificar) as ciclovias.
São Francisco possui mais de 321,8 quilômetros de faixas cicloviárias que são responsáveis por 82 mil viagens diárias. Um dos principais grupos que defendem esses cidadãos entrou em contato com a Uber para alertá-la sobre experiências que seus membros tiveram com os carros, que ignoravam as ciclovias quando tinham de fazer conversões à direita, uma das principais causas de acidentes com ciclistas na cidade.
O aviso foi feito dois dias antes de a empresa iniciar de fato seu programa na região sem as permissões exigidas pelo Estado. “O fato de que eles sabiam que há uma falha perigosa na tecnologia e persistiram num lançamento surpresa mostra um desprezo imprudente pela segurança das pessoas nas nossas ruas”, disse ao Guardian o porta-voz dos ciclistas, Chris Cassidy.
A Uber afirmou ao jornal que os engenheiros estão trabalhando na questão, e informou que os motoristas são instruídos a assumir o volante quando estão próximos a ciclovias — apesar de estudos mostrarem que a transição da máquina ao humano na direção não é algo tão seguro de se fazer.
Essa não é a única preocupação que os carros autônomos da Uber levantaram em São Francisco. Um deles foi filmado furando o farol vermelho, e há denúncias de que os veículos já cometeram quatro das cinco infrações que mais causam acidentes na cidade: além do farol, eles também já ignoraram placas de “pare”, fizeram retornos perigosos e se negaram a dar preferência aos pedestres.