Espaço espiritual para indígenas, caverna na Ilha de Mona também traz inscrições feitas por europeu no século XVI. Com a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, houve um dos maiores choques culturais da história da humanidade. Povos que viviam organizados em tribos, em contato direto com a natureza e que tinham seus próprios deuses, suas construções típicas, sua língua e seus hábitos são surpreendidos, repentinamente, por grandes navios com homens vestidos falando um idioma estranho, com armas estranhas e alimentos e utensílios nunca antes vistos.
O encontro dessas culturas gerou um embate ideológico comprovado, recentemente, pelos cientistas do Museu Britânico e da Universidade de Leicester. Na Ilha de Mona, próximo a Porto Rico, há quilômetros de cavernas onde estão milhares de inscrições de muitos séculos atrás, com mensagens que datam até mesmo de um tempo anterior à chegada de Colombo. A caverna número 18 se destaca por um ponto em particular: nela, há uma mensagem na qual desenhos indígenas se misturam com traços europeus.
Francisco Alegre, um europeu que chegou a Porto Rico com seu pai, por volta de 1530, deixou sua assinatura nessa caverna, onde também há inscrições como “Verbum caro factum est” (“o verbo se fez carne”) e “Deus te perdoe” com as frases escritas pelos europeus. O que chamou a atenção dos pesquisadores é que essas frases não se superpõem, o que é um claro sinal de respeito entre as duas culturas.
“Isso demonstra um diálogo, um encontro que aconteceu em tempo real. Sabemos que os europeus estiveram ali e refletiram sobre isso”, afirmou Jago Cooper, especialista em América pelo Museu Britânico.
Segundo os pesquisadores, deve ter sido impactante para os espanhóis escalar essas cavernas que parecem ter sido um local espiritual importante para os indígenas.
Fonte: BBC e livenewsportal.com