O Bitcoin ultrapassou o valor de 200 dolares por unidade. Com isso, toda a imprensa está se voltando para a moeda virtual e tentando compreender o que está acontecendo. A moeda virtual criada em 2009 por um gênio da matemática teve alta nunca antes vista na história. Ela passou de US$ 40 para US$ 200 em apenas um mês.
Diferentemente das moedas convencionais, a Bitcoin não precisa de nenhum emissor centralizado, pois ela se baseia no conceito peer-to-peer, ou seja, qualquer um pode gerar o “dinheiro”. Nos Estados Unidos já é possível comprar produtos eletrônicos, games, roupas, acessórios e até comida com moeda virtual. Além disso, algumas empresas têm remunerado freelancers com a moeda e outras têm vendido bens, como carros usados e computadores, em Bitcoins.
O problema é que para gerar esta moeda sem lastro, que determina seu valor apenas pela especulação em Bolsas de Valores virtuais, é necessário tempo e, ironicamente, dinheiro…real.
Segundo Leandro César, arquiteto de informação, para gerar a moeda é necessário se cadastrar no site www.bitcoin.org. O usuário baixa um programa de compartilhamento de arquivos para receber uma identificação e, a partir daí, começa o processo de geração das moedas, apelidado de “mineração”.
A rede Bitcoin cria e distribui um lote de novas moedas aleatoriamente entre os usuários que estão rodando o programa. A quantidade de dinheiro virtual criado em um lote, no entanto, nunca passa de 50.
“Para conseguir ganhar 50 moedas é necessário muito investimento em hardware. Inicialmente eu gastei R$ 10 mil com computadores e, atualmente, gero 30 centavos de Bitcoin por dia com minhas máquinas trabalhando sem parar”, explica Leandro.
As moedas podem ser salvas em forma de arquivo, que funcionam como uma carteira virtual. As transações acontecem via internet entre qualquer pessoa que tenha um endereço de Bitcoin. No momento, dentro da MT Gox, maior câmbio virtual do mundo, a Bitcoin está em alta, valendo US$ 216,90.
É importante saber que os criadores da moeda estipularam valor máximo de 21 milhões de Bitcoins a serem geradas no mundo para que não existam chances de um espiral inflacionário. Até hoje, o número não passou de 11 milhões.
Vantagens e desvantagens
Donald Normand, cofundador da Bitcoin Consultancy, conta que a moeda não pode ser manipulada ou corrompida pois opera com base em leis matemáticas, além de ser um commodity digital não-centralizado. Sendo assim, as transações feitas com Bitcoin são mais transparentes, uma vez que elas são registradas e podem ser rastreadas.
Um dos principais membros da equipe de desenvolvimento do Bitcoin, Jeff Garzik diz que todas as transações em Bitcoin são públicas e podem ser vistas por qualquer pessoa do mundo por meio do Block Explorer.
Apesar de os participantes da rede serem anônimos, todas as trocas ficam abertas ao público como medida de segurança para que a moeda não seja usada duas vezes. Com isso, segundo Jeff, também se reduz o risco de pessoas usarem o dinheiro para compra de produtos ilegais pela internet.
Em 2011, contudo, os senadores americanos Charles Shumer e Joe Manchin enviaram carta à agência do governo dos Estados Unidos especializada em reprimir o narcotráfico, denunciando o suposto uso de Bitcoins em transações de um site de venda de drogas ilícitas. Em recente matéria produzida pelo Olhar Digital sobre a “Deep Web”, nossos repórteres confirmaram a utilização de Bitcoin para compra de drogas ilegais e pagamento de assassinatos. (saiba mais aqui)
“Nós queremos trabalhar com a aplicação da lei, junto de agências governamentais para garantir que criminosos sejam pegos”, comentou o integrante.
Por outro lado, como a moeda não tem lastro – não se baseia em algo como ouro ou Banco Central – nada garante o valor da Bitcoin. A moeda é desvinculada de qualquer ativo real e seu preço é determinado apenas pela especulação em Bolsas de Valores virtuais. Ela flutua nas leis da oferta e demanda. Ou seja, nada garante seu valor a não ser a confiança das pessoas.
Outro ponto que merece atenção é a segurança. Em 2011, a MT Gox sofreu um ataque no sistema que causou bastante prejuízo e o vazamento de informações fez o preço do Bitcoin despencar. Na semana passada, com a alta da moeda, hackers invadiram o principal serviço de armazenamento do dinheiro virtual, o Instawallet. O site congelou as transações por tempo indeterminado, mas o preço da moeda continuou subindo.
Em entrevista à revista Veja, o economista especialista em internet Adam Cohen disse que as falhas de segurança tornam a Bitcoin volátil e, por isso, é pouco provável que ela se transforme em uma moeda primária para alguém. Leandro também compartilha da mesma opinião: “Acredito que a Bitcoin sempre será uma moeda paralela, mas nunca irá substituir a convencional.”
Valorização
A mídia especializada encara a atual valorização desenfreada da Bitcoin como um sinal de bolha. Nesta segunda-feira, 8, pela primeira vez a moeda atingiu os US$ 190. Já na terça-feira, 9, bateu US$ 200 e, às 19h, já valia US$ 234.
Há duas explicações para isso, segundo o Mashable: a crise europeia, que deixou o continente todo sob incerteza financeira, e a intensa cobertura da mídia nos últimos meses, que teria feito com que a moeda recebesse atenção exagerada.
Para se ter uma ideia do tamanho do crescimento, as cerca de 11 milhões de Bitcoins em circulação bateram o valor recorde de US$ 2 bilhões na última semana. Agora, estão acima dos US$ 2,3 bilhões.
No Facebook há um grupo brasileiro voltado para a discussão sobre o Bitcoin: https://www.facebook.com/groups/480508125292694/
Outros artigos sobre bitcois: http://www.nerdices.com.br/wordpress/category/bitcoin/