Em Montreal (Quebec – Canadá), nas décadas de 1940 a 1960, mães solteiras eram obrigadas a deixarem seus filhos em orfanatos, geralmente gerenciados pela Igreja Católica Romana, sendo freiras as responsáveis por cuidarem das crianças. O problema é que esses orfanatos viviam de caridades e ajuda financeira do governo. Para cada criança eram dados 75 centavos. Em um total de 3 mil.
Caso uma criança fosse enviada para instituições de saúde mental, isso significaria mudança de diagnóstico, fazendo com que o governo pagasse o dobro para o “auxílio” à criança. Como podem imaginar, essas crianças mal viam os efeitos desse dinheiro. Nesse período, Maurice Duplessis, então primeiro ministro canadense, elaborou um acordo com a Igreja Católica. Acordo esse que afetaria significativamente – de maneira negativa – a vida dessas crianças.
O acordo consistia em considerar todas as crianças deficientes mentais. Para isso, foi preciso que entrasse em acordo, também, com o colégio médico da região. Uma vez que estavam nos hospitais, as crianças eram submetidas a choques elétricos, lobotomias, esterilização química, injeções com drogas (como LSD), camisas de força. Sendo que, alguns também foram abusados sexualmente.
Sylvio Albert Day foi um desses órfãos criados nos hospitais. Quando adolescente fora enviado ao St. Jean de Dieu Hospital, para trabalhar no necrotério. Esse era um dos hospitais pertencentes à Igreja Católica, no qual experimentos eram realizados. Por ser um dos sobreviventes, anos mais tarde testemunhou sobre a vida nesses hospitais.
Descreveu um período de 3 meses, época em que transportou 67 corpos, entre meninos e meninas, que seriam vendidos às Universidade de Montreal e para a Universidade McGill. Em 1990, mais de 3 mil sobreviventes entraram com ação judicial, no intuito de fazer com que o mundo soubesse do ocorrido, além disso, alguns órfãos conseguiram recuperar seus registros médicos que haviam sido falsificados.
Em março de 1999, o governo do Quebec, que inicialmente não queria reconhecer os fatos, decidiu fazer uma oferta de mil dólares como compensação para cada uma das vítimas. Oferta que foi recusada e fortemente criticada pelo público.
Em 2001, os reclamantes receberam um pagamento fixo de 10 mil dólares, por pessoa, do governo, mais mil dólares para cada ano de detenção ilícita em uma instituição mental. Somando mais de 15 mil dólares por cada um. Porém, esse pagamento se limitou a 1.100 órfãos, que haviam sido rotulados como deficientes mentais.
Os outros, que sofreram abusos sexuais ou outros tipos, receberam nada. Ainda hoje existem campanhas pela exumação dos corpos das crianças mortas.
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