Cientistas pedem proteção a animais esquisitos

O macaco-narigudo (“Nasalis larvatus”) vive nas florestas tropicais de Bornéu, na Ásia, assim como os orangotangos. Mas, ao contrário de seu “primo” famoso e bonitão, esse primata é uma das espécies “em perigo” na lista da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), com pouco mais de mil indivíduos soltos na natureza. Para ajudar esses animais menos privilegiados – tanto no quesito beleza, quanto no de conservação -, o biólogo Simon Watt fundou a Sociedade de Preservação de Animais Feios. “A maioria da diversidade animal é feia, dos insetos aos mamíferos. O mundo seria muito maçante se apenas os animais fofos e bonitos fossem protegidos”, defende o biólogo.

Simon abusa das piadas e da ajuda dos colegas para chamar a atenção às espécies “desprotegidas esteticamente”. Ele montou uma espécie de stand-up, com um toque de conservação ambiental, que corre festivais científicos no Reino Unido. Cada cientista é chamado ao palco para falar das qualidades de um animal tão ameaçado quanto bizarro e, no fim do show, o público escolhe o candidato a mascote da Sociedade de Preservação de Animais Feios.

O roedor “Heterocephalus glaber”, por exemplo, foi eleito pela audiência de um simpósio em Brighton no começo de junho. Mesmo estando ainda no primeiro nível de alerta de animais ameaçados da IUCN (são seis, ao todo), esse dentuço encontrado na Somália, na Etiópia e no Quênia ajuda cientistas na luta contra o câncer em pesquisas científica

Já o público de um evento científico em Edimburgo, na Escócia, escolheu o “Promachoteuthis sulcus” como potencial mascote da Sociedade de Preservação de Animais Feios. Apenas um indivíduo dessa lula, que chama a atenção por ter uma ventosa parecida como uma boca humana, foi encontrada no sul do oceano Atlântico e não está mais classificada na lista da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês)

O focinho de porco que faz essa tartaruga única também a deixa vulnerável. Segundo o biólogo Simon Watt, a espécie “Carettochelys insculpta” está desaparecendo da Austrália para virar um animal de estimação, causando desequilíbrio nos ecossistemas marinhos do país.

Os abutres da Índia (Gyps indicus) estão entre os animais mais ameaçados do planeta. Classificado como “criticamente em perigo” pela IUCN, a população caiu quase 95% por causa dos agrotóxicos – as aves morrem intoxicadas após comer carniça com produtos químicos – e pode sumir da natureza em menos de dez anos. O desaparecimento afetaria drasticamente o ecossistema, pois eliminaria o trabalho dos “catadores de lixo” da vida selvagem, segundo o biólogo.

O Uacari de cara vermelha (“Cacajao calvus”), que vive na floresta Amazônica, é considerado “vulnerável” pela IUCN. Mais de 30% da população original desapareceu das matas tropicais do Brasil e do Peru nos últimos anos devido à caça ilegal (sua carne vira comida, principalmente) e pelo desmatamento que acaba com seu habitat. Segundo o fundador da Sociedade de Preservação de Animais Feios, o rosto avermelhado do macaco não tem nada a ver com timidez: a forte coloração, inclusive, o ajuda a atrair futuras namoradas.

Conhecida popularmente como lesma de veludo rosa, esse invertebrado da África do Sul mantém os mesmos hábitos alimentares há pelo menos 400 milhões de anos, afirma o biólogo. O “Opisthopatus roseus”, que caça apenas à noite, enlaça sua vítimas com jatos de cola, perfura o interior delas e joga sucos digestivos que ajudam a amolecer os tecidos e facilitam a ingestão.

Esse grande anfíbio do Suriname (“Pipa myersi”) não recebe muito suporte dos ambientalistas e também não é alvo de pesquisas científicas para sua preservação. Segundo o biólogo Simon Watt, o animal achatado “parece ter sido atropelado por um carro, o que não atrai o apoio das ONG ambientais”, deixando-o cada vez mais “em perigo” .

O peixe blobfish (“Psychrolutes marcidus”) é encontrado no fundo do oceano próximo à costa da Austrália e da Nova Zelândia, entre 600 metros e 1200 metros de profundidade. A Sociedade de Preservação de Animais Feios lembra que sua expressão tristonha é parte da “maravilhosa adaptação evolutiva ao seu ambiente”. Seu corpo é gelatinoso devido à pressão da água, que é muito maior nas profundezas do que na superfície, permitindo que ele flutue delicadamente e se alimente de pequenos invertebrados.

Quer dar uma olhada em mais um ser esquisito? Clique aqui e conheça o peixe-pênis!

Opine

comentários

Posted by Wladimir

Nerd desde sempre. Começou a programar em Basic, em um CP 400 Color II lá por 1985. Fã de Star Wars, Star Trek e outras séries espaciais. Pai de 4 filhos - um era pra se chamar Linus, mas o nome encontrou muita resistência :( Aliás, software livre é outra paixão. Usuário Linux desde 1999. Presidente da Associação Software Livre Santa Catarina. Defensor do livre compartilhamento. É o compartilhamento que tem feito a humanidade avançar. As ideias são uma construção coletiva da humanidade :) Foi fundador do Partido Pirata do Brasil e membro de sua 1ª Executiva Nacional (2012-2014). Foi também assessor do gabinete do Ministro da Ciência e Tecnologia durante 2016, até a efetivação do golpe que destituiu Dilma Rousseff. Ah, também é editor aqui dessa bagaça, onde, aliás, você também pode colaborar. Só entrar em contato (42@nerdices.com.br) e enviar suas dicas, artigos, notícias etc. Afinal, a Força somos nós!

Website: http://www.nerdices.com.br

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.