A BlackBerry anda meio esquecida no mercado, mas seus aparelhos ainda são muito populares entre executivos e empresários. O BBM, app de mensagens da companhia canadense que também está disponível em outras plataformas, se tornou um importantíssimo instrumento para desvendar parte de um dos maiores escândalos de corrupção no Brasil.
Autoridades brasileiras receberam o histórico de conversas do BBM, trazendo acusações criminais para mais de 100 pessoas e pedidos de investigação para mais de 50 políticos na Operação Lava Jato. Nas mensagens, o deputado Luiz Argôlo (PSD) se identificava com o nick “LA”, e disse ao doleiro Alberto Yousseff, que usava o nick “Primo”, que iriam “dominar o Brasil”. Yousseff respondeu que iriam, “se Deus quiser, porque somos bons”.
A lei brasileira exige que empresas forneçam à justiça mensagens, históricos e conteúdos mediante mandato judicial. Em alguns casos isso nem sempre é possível devido ao nível de criptografia do serviço. Nem todas as empresas resolvem cooperar com o processo judicial – como o WhatsApp, que correu o risco de deixar de funcionar no Brasil exatamente por não ter ajudado nas investigações de um processo.
Tudo bem que, nesse caso, a BlackBerry cooperou porque parece ter havido determinação judicial. Agora, é um debate muito delicado, pois ainda que o aplicativo estivesse sendo usado para, no caso, planejar ações de corrupção, é preciso que seja garantida a privacidade de quem usa estes tipos de messengers. Não se pode aceitar que, em nome de poucas exceções, todos sejamos penalizados, não é mesmo?
Com informações: Wall Street Journal