Você conhece este inseto?

Você já viu algum inseto parecido com esse da foto? Eu nunca vi e tampouco havia ouvido falar dele até o dia de hoje. E parece que a maioria das pessoas também nunca o viu.

O professor da UDESC, Roberto Rosso, encontrou um destes em sua casa, em Joinville, e publicou a foto abaixo no Facebook perguntando se alguém sabia o que era e se eventualmente podia ser perigoso.

Uma busca na internet por “inseto com cabeça de jacaré” rsrs possibilitou que encontrasse mais informações sobre o inseto. Trata-se de um jequitiranabóia, também conhecido como jequiranabóia, jetiranumbóia, jitiranabóia, jiquitiranabóia, tirambóia, jaquiranabóia, cobra-voadora, cobra-do-ar (Norte do BR), cobra-de-asa (Norte do Brasil) e em inglês, Alligator – Headed Lantern Fly.

Seu nome científico é Fulgora lanternaria (L., 1758). O nome descende do tupi-guarani, onde iakirána = “cigarra” e mbóia = “cobra”. Portanto a definição indígena corresponde a “cobra” e Jequiranabóia, a pronúncia original indígena.

É da ordem Hemiptera, subordem Auchenorryncha e da família Fulgoridae (Fulgorídeos).

É um inseto homóptero (parente da cigarra) e inofensivo que apresenta características que dão origem a crendices. Possui uma cabeça intumescida (forma de fava de amendoim) e quitinizada (quitina = proteína resistente) cuja forma vista de lado, lembra a cabeça de um réptil (cobra ou jacaré), com falsos dentes.

Apresenta também um tubérculo perto da base semelhante a um grande par de olhos. Estes de fato se acham ao lado e junto deles há um fio sobre um pequeno tubérculo, o que representa sua antena.

Suas asas são amarelo-sujas, pontilhadas de pardo e preto. As asas posteriores possuem grandes ocelos, lembrando grandes olhos, como nas borboletas-coruja (Caligo ilineus). Medem ao todo de 6 a 7 cm de comprimento com o dobro de envergadura. Raramente ultrapassam os 10 cm de comprimento.

Como são parentes das cigarras, sua reprodução pode ser similar. Isto é, de seus ovos eclodem larvas que passam todo seu estádio característico sob a terra (fase subterrânea) sugando raízes, e quando estas já estão prontas para a metamorfose, saem de seus abrigos subterrâneos e sobem nas vegetações para saírem de sua forma larvária, formando a “crisálida” e desta, a fase adulta.

Gosta muito de voar depois do crepúsculo, sobre as florestas tropicais. Portanto é um animal de hábitos noturnos. Nas cidades, é atraída pela luminosidade das ruas, como outros insetos. Quando pousados, têm o hábito curioso de andar de lado e para trás.

Os inimigos naturais da Fulgora lanternaria, não são muitos. As aves (garças, corujas etc), mamíferos (primatas e carnívoros), répteis (serpentes e lagartos) e anfíbios (sapos). Em outros países os Fulgorídeos são parasitados pelas larvas de vespas e também por lagartas que vivem de forma parasitária sobre alguns insetos, alimentando-se de suas secreções. Este hábito concorreu para o desenvolvimento de sistemas de controle biológico, para combater as espécies pragas.

Alimenta-se do néctar de frutas e seiva de vegetais, retirados por sucção através de seu apêndice bucal.

Esta espécie é muito comum na América do Sul, em grande parte no território brasileiro. Pode também ser encontrada nos países da América Central, como na Venezuela, Colômbia e Peru. Vive nas florestas tropicais.

São considerados os exemplos mais significativos do folclore brasileiro. Começaremos a relatar sua característica marcante: a cabeça.

A possível bioluminescência é um fato muito marcante. Como o próprio nome foi batizado na época, “lanternaria” (lanterna). Mas alguns cientistas dizem que este fenômeno origina-se de bactérias fotogênicas que se desenvolvem sobre a cabeça dos exemplares. Porém, não possuo uma confirmação.

Muitas aldeias indígenas e comunidades próximas o temem, e desta forma acabaram disseminando por muito tempo o folclore do jequitiranabóia. Segunda a lenda Jequi, caso pouse em uma pessoa ou sobre um galho, este secará completamente e definhará até a morte. Isto se deve ao fato de os animais, algumas vezes, serem encontrados em troncos secos, acreditando-se que ao sugar sua seiva, levou a morte o órgão vegetal. Mas o leitor não deve se assustar com estas falsas crenças, pois o jequitiranabóia é um inseto inofensivo e incapaz de “secar” pessoas ou outros animais e até mesmo vegetais de grande porte. O que ocorre na verdade é que de fato já foi relatado, são seus hábitos alimentares (suga seivas e o néctar de frutas), só ocorrendo algum dano, ao vegetal, se o número de insetos for muito grande em planta já debilitada.

É considerado também um animal venenosissímo, o que não é verdade, pelo fato de se assemelhar a uma serpente. No ano de 1833, foi descrito como sendo: “.. há, porém entre todas mais perigosa e terrível, a jaquiranambóia”. Esta observação por mais improvável que seja, é muito acreditada ainda pelas pessoas que vivem nas zonas distantes das cidades e próximas a florestas. Mas também não devemos inferiorizar e ignorar estas, pelo fato de acreditarem ou não nestas crenças, pois isto faz parte de nossa múltipla cultura e que não pode ser apagada de nossa história.

O jequitiranabóia antigamente, era visto com grande freqüência no interior das pequenas cidades, principalmente as do interior do Estado de São Paulo. Mas atualmente estas observações são muito difíceis de serem feitas, pois esta e muitas outras espécies acabaram se confinando em determinadas regiões. Este confinamento é prova de que o devastamento, a caça predatória (tráfico de animais) e a poluição estão a cada dia mais intensas, extinguindo a biodiversidade de nossa tão rica fauna e flora.

fonte: professor e biólogo Luccas Longo, publicado no site Webanimal

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Posted by Wladimir

Nerd desde sempre. Começou a programar em Basic, em um CP 400 Color II lá por 1985. Fã de Star Wars, Star Trek e outras séries espaciais. Pai de 4 filhos - um era pra se chamar Linus, mas o nome encontrou muita resistência :( Aliás, software livre é outra paixão. Usuário Linux desde 1999. Presidente da Associação Software Livre Santa Catarina. Defensor do livre compartilhamento. É o compartilhamento que tem feito a humanidade avançar. As ideias são uma construção coletiva da humanidade :) Foi fundador do Partido Pirata do Brasil e membro de sua 1ª Executiva Nacional (2012-2014). Foi também assessor do gabinete do Ministro da Ciência e Tecnologia durante 2016, até a efetivação do golpe que destituiu Dilma Rousseff. Ah, também é editor aqui dessa bagaça, onde, aliás, você também pode colaborar. Só entrar em contato (42@nerdices.com.br) e enviar suas dicas, artigos, notícias etc. Afinal, a Força somos nós!

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This article has 6 Comments

  1. Só não concordo muito com a definição que você deu: iakirána = “cigarra” e mbóia = “cobra”. Jequiti = borboleta; rana=parecido (com); mboi=cobra.

  2. Já ví várias vezes um desses na minha cidade aqui no oeste da Bahia.
    Quando criança eu e meus irmão costumávamos colocar pregadores de roupa na cabeça deles.

    Mas é realmente raro de se ver.
    Apareciam muito em pés de manga. Como no quintal da nossa antiga casa tínhamos vários pés de manga talvez por isso era mais fácil de encontrá-los. A última vez que vi um foi no ano passado da calçada da casa do meu pai. Me fez recordar, mas como não tenho mais o de antes, ele se safou de ter a cabeça presa. rs

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