Os Black Bloc com seu “A anarquista no círculo” tem sido o grupo mais contundente e polêmico desde que os protestos pelo país tiveram início, inspirados no movimento alemão da década de 1980, este grupo rebelde (que muitos estão taxando de “espontaneístas”) tem efetivado práticas de ação direta como nenhum outro grupo.
Além de surpreenderam pela audácia e coragem de enfrentamento, os BB têm sido a linha de ataque nas manifestações, marcham de forma dissonante e por onde passam fazem cair os símbolos do capital, enquanto gritos de “sem violência” tentam domesticá-los, eles seguem combativos. Entretanto, centenas de criticas as ações promovidas pelos Black Bloc tem sido feitas oriundas de setores, inclusive, da esquerda partidária radical. O PSTU foi o primeiro partido a criticar abertamente, e, é infindável a quantidade de pessoas que “supostamente” são de esquerda e reproduzem a mesma retórica da mídia, criminalizando e nomeando essas ações de puro espontaneísmo, ou seja, de ações isoladas que apenas atendem uma estética simbólica que não agrega as massas.
E como as massas são a bola da vez, agora todo mundo fala em massa, em base, em “trabalho de base”, “apoio das massas”, “formação política”, oras, onde estavam os partidos e esses grupos que querem ensinar como se luta antes das manifestações? Na base? E o que eles fazem neste momento? Estão ganhando as bases? de que forma? Se juntando a luta fazendo alianças canalhas, ou distribuindo cartilhas e preparando cursinho?
Se contradizem, apoiam a radicalização e o enfrentamento violento, mas querem as massas para encabrestar ao mesmo tempo que são repudiados por elas, e não somente por causa do PT, mas porque a falência de tais instituições centralistas, personalistas e autoritárias foi decretada.
As mudanças
Que para uma transformação social radical será necessária mais que ações diretas, ok. Mas este momento é de uma grande revolta popular desencadeada, e as criticas oriundas de partidos e grupos intelectuais é exatamente porque eles não podem controlar todas essas manifestações, (muito menos os Black Bloc) e porque não podem ser a vanguarda que irá ditar o caminho, querem desmoralizar, o que revela o quanto a suposta “esquerda revolucionária” é perniciosa e autoritária, pois ela quer a revolução sobre os seus moldes, com a massa sobre seu controle e norteamento.
Se há espontaneísmo em demasia, há também enfrentamento de um grupo de jovens em maioria que está se colocando na linha de frente concedendo a própria pele. Serão aventureiros? Ora, penso que devemos nos aventurar mais então. Pois, não há mudanças sem radicalização, sem enfrentamento violento, deste modo, cada grupo utiliza-se do instrumental que julga-se apto a executá-lo, sendo assim, os BB estão fazendo a sua parte. Se cabe reflexão e construção de alianças para elaboração de estratégias, bora discutir com autonomia, quem topa? Bora discutir essa organização de forma horizontal?
O triste é ver toda uma discussão rasa que coloca cortina de fumaça sobre o problema real, e muito mais orientada pela criminalização de mais um movimento que luta pelo poder popular, do que contra o verdadeiro inimigo: O ESTADO, e esse debate como está sendo conduzido só contribuí para blindá-lo, enquanto ele envia policiais às ruas para bater em manifestantes, atirar bombas de gás, colocar policiais infiltrados nas manifestações e tem a cara de pau de se preocupar mais com o Palácio dos Bandeirantes, Itamaraty… do que com as pessoas nas ruas, este sim é o grande criminoso que fode nossas vidas – lembrando que ele é gerenciado por quem nos governa.
fonte: Rádio da Juventude