Desde o início das manifestações de junho contra o aumenta das tarifas de ônibus, todo mundo que acompanhou ouviu falar de uma tal “Mídia NINJA”.
Mas, afinal, o que é isso? Quem são esses caras? O que eles fazem pra ter esse destaque todo? E por que o Nerdices está falando deles? O que eles tem a ver com o nosso mundo nerd?
Bom, vamos começar pela pergunta final. Pra começar, os caras fazem suas transmissões via internet usando smartphones e um aplicativo chamado TwitCasting, que captura as imagens e as retransmite, podendo ser vistas em tempo real em um aplicativo no smartphone ou no site do TwitCasting.
NINJA é a sigla para Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação. E é óbvio que foi escolhida essa sigla para sinalizar a agilidade, rapidez e os golpes desferidos pelos ninjas na imprensa tradicional, que não tem a mesma agilidade e, mais importante, não tem a mesma confiança que esta mídia adquiriu juntos aos manifestantes. Basta ver que a Globo não pode nem chegar perto, precisa esconder sua logo, e outras emissoras tiveram até seus carros queimados em manifestações. Os ninjas, pelo contrário, foram até presos no Rio de Janeiro e os manifestantes foram à porta da delegacia exigir sua libertação.
As transmissões da Mídia Ninja chegaram a ter 100 mil espectadores simultâneos. Tudo isso sendo multiplicado por milhares de compartilhamentos, gerando um impacto tão grande ao ponto de não poder ser ignorada.
Vale reproduzir as palavras de O Esquema:
o uso inteligente da linguagem é outro item de defasagem das mídias e políticos tradicionais. Expressões que navegam bem no imaginário pop, como “Mídia Ninja”, circulam com mais desenvoltura nos tubos e conexões da internet – e assim também constróem sua relevância. Os Ninjas tem conhecimento de causa, nasceram nesse meio, sabem que o seu público disseminador, além do leitor, exige uma cobertura doce, um marshmellow. Mais do que mero adereço, isso é fator de identificação, a carteirinha do clube […] Na outra ponta do espectro está uma outra expressão, caduca e contraproducente. Os militantes mais tradicionais de esquerda ganhariam muito em circulação e entendimento de sua mensagem se abandonassem imediatamente o rótulo “mídia golpista” que aplicam em certos setores da comunicação mainstream. Não tenho dados para sustentar minha hipótese, mas suspeito fortemente que a expressão “mídia golpista” bloqueie completamente a comunicação com qualquer pessoa que não faça parte do grupo restrito do emissor da mensagem. E então, qual o sentido? Qual o objetivo em falar uma língua que só quem concorda com você entende? Quem ainda fala em mídia golpista precisava era aprender uns golpes ninjas.
Ouça essa entrevista com Bruno Torturra, um dos ninjas que foi preso inclusive no Rio, que esclarece mais sobre o trabalho deles: