Na segunda semana de maio foi divulgado que um site, nos Estados Unidos, estava disponibilizando um arquivo para ser baixado que permitiria, a quem tivesse uma impressora 3D, imprimir uma arma em casa.
A reação do governo dos EUA foi imediata, logo solicitando ao site que excluísse o arquivo. O arquivo foi excluído do site, mas certamente não foi excluído da internet, pois foi baixado mais de 800 mil vezes.
O uso que se dará às impressoras 3D será um debate mais intenso e profundo do que o debate em torno do download de arquivos mp3 e vídeo, pois se nesses casos a indústria atingida era facilmente identificada – a da música e do cinema – no caso das impressoras 3D praticamente todas serão atingidas. Desde a de brinquedos, com a replicação de legos, bonecos, carrinhos, passando pela da medicina, do automobilismo e até a de armas.
A inútil reação do governo dos EUA – inútil porque ineficaz – demonstra não uma preocupação com a segurança de seu povo. Certamente não é isso que motivou essa ação, pois é sabido da facilidade de se adquirir legalmente armas nos Estados Unidos.
O que move, mais uma vez, aquele governo, é a defesa do copyright, das patentes, da grande indústria armamentista, que passa agora a ter pesadelos, ao imaginar que suas armas podem ser baixadas e impressas em casa, em qualquer lugar do planeta.
Podem ter certeza: mais leis de restrições, de vigilantismo na internet estão a caminho, pois agora todas as indústrias se unirão, exigindo a adoção de uma legislação ainda mais dura contra o compartilhamento livre de arquivos. A única maneira destas indústrias garantir que suas patentes, seus direitos autorais sejam respeitados, será passando por cima das liberdades individuais, eliminando a privacidade da internet, estabelecendo a vigilância na rede. A hipocrisia estadunidense agora tem face, impressa em três dimensões.
Por Wladimir Crippa, do Partido Pirata do Brasil
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