Raquel Pacheco, conhecida nacional e internacionalmente como Bruna Surfistinha, escreveu um best-seller contando como era sua vida quando trabalhava como garota de programa. Ela ganhava a vida atendendo até cinco homens por dia em um apartamento em um bairro de São Paulo, o centro financeiro da América Latina.
Naquela época ela passou a usar seu nome de guerra, Bruna Surfistinha. Desde então, ela deixou o negócio e se tornou uma escritora e DJ. Seu livro, “O Doce Veneno do Escorpião” é um relato vívido dos três anos em que a escritora passou vendendo (ou alugando, melhor dizendo né?) seu corpo. O livro também oferecia dicas para os leitores que procuram apimentar suas vidas sexuais.
Em pouco mais de um mês após sua publicação, vendeu 30.000 cópias e, ao longo do tempo, seu livro se tornou um enorme sucesso em um país onde apenas uma fração da população lê livros. Embora o Brasil seja um país bastante religioso, o sexo está longe de ser um assunto tabu.
Bruna explicou em programas de televisão que ela era uma garota “normal”, que tinha sido adotada por uma família de classe média alta, mas que, por volta dos 17 anos, ela deixou sua casa e sua família por causa do conservadorismo e visão tradicional dos seus familiares.
O blog que Bruna mantinha se tornou seu veículo de notoriedade e surgiu quase por acidente. Mas, uma vez que ela começou a relatar suas histórias na internet, ela alcançou um rápido sucesso e percebeu o potencial comercial de seus relatos.
Como ela está atualmente?
Raquel, após se tornar famosa em todo o país, participou do reality show “A Fazenda”. Após isso, ela aderiu ao movimento religioso umbanda e se tornou uma médium. Em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo” ela disse: “Nunca tinha me identificado com uma religião. A cada gira, o médium acaba se conhecendo mais e valorizando mais a vida. Parei de reclamar dos meus problemas, de meus pais não me aceitarem”.
Ela frequenta a Casa de São Lázaro, zona sul de São Paulo. Ela afirma que sempre foi tratada bem no local e que sempre foi respeitada: “O terreiro é um dos poucos lugares que eu me sinto Raquel mesmo. Nas correntes, os médiuns nunca faltaram com respeito comigo. Nunca me trataram como Bruna. Sou Raquel desde o primeiro dia”, destaca.
Bruna iniciou no umbanda em 2013 e relatou sua primeira experiência na religião: “Estava numa roda, quando caí no chão. (…) Incorporei na Pombagira. E foi uma experiência deliciosa. No começo de novembro, Seu Sete (entidade espiritual) me chamou e disse: Dona Raquel, está na hora de a senhora vestir o branco, entrar na corrente e fazer o desenvolvimento da sua mediunidade”.
Raquel trabalha atualmente como DJ e ainda enfrenta preconceito após ter deixado a vida de garota de programa: Cuido de mim espiritualmente e não tenho vergonha de me assumir como umbandista. Tem gente que olha feio, outros são curiosos. Sei que o preconceito é muito grande, mas eu enfrento. Não é a primeira vez.
Antes do Umbanda, Raquel tinha receio com relação a religião mas sentia que precisava procurar um guia espiritual para relatar suas angústias. “Eu tinha um pé atrás com a Umbanda, aquele preconceito de mexer com bicho, macumba. (…) Estava muito angustiada, precisava falar com um guia espiritual. Minha amiga me levou à gira [sessão espírita] de exu. E eu sempre tive pavor de exu. Morria de medo de Pombagira. Quando vi a corrente de médiuns, comecei a me emocionar, me arrepiei toda. Senti uma paz que há muito não sentia”.