Ao longo da vida, principalmente depois que ela já durou muitos anos, começamos a perceber os sinais de envelhecimento na perda das capacidades físicas. Ficamos mais lentos, mais desajeitados, enxergamos mal e perdemos a capacidade de ouvir.
Mesmo que você se esforce para manter uma boa saúde ao longo da vida, é inevitável que esse momento chegue. É simplesmente o ciclo da vida e a forma como a natureza funciona. A verdade é que bem antes da velhice, nós já estamos perdendo capacidades sem nem mesmo perceber isso.
De acordo com alguns estudos recentes, bebês com menos de um ano de idade possuem habilidades de enxergar e ouvir algumas coisas que não conseguimos fazer depois desse período, mostrando que a perda de talentos já começa bem cedo em nossas vidas
Quando um bebê humano nasce, possui uma acuidade visual de 20/400, o que poderia ser considerado cegueira de acordo com os padrões da Organização Mundial de Saúde. Para se ter uma ideia, a acuidade visual de uma pessoa com visual normal é de 20/20. Isso acontece porque quando não existe luz no útero e o sentido só vai se desenvolver assim que o bebê nasce.
Durante os primeiros meses de vida, os bebês começam detectando apenas luzes e sombras e evoluem o sentido até que desenvolvem a visão normal. Nesse período de aprendizado, o nosso cérebro aprende a reconhecer e interpretar os sinais do mundo, o que pode durar entre 5 a 7 meses, em média. É aí que os nossos olhos começam a aprender as diferenças entre os objetos que enxergamos.
Porém, um pouco antes disso os bebês já possuem uma capacidade de visão diferenciada, por volta dos 3 ou 4 meses de idade. Para tentar entender o processo, vamos dar uma olhada nas imagens destas três lesmas. Certamente você acredita que as duas da esquerda são praticamente idênticas, certo? Um bebê não concordaria com isso.
Apesar das lesmas da esquerda e central parecerem idênticas, elas possuem uma grande diferença em termos de intensidade de pixels, o que os bebês conseguem perceber com facilidade. O efeito foi percebido num estudo divulgado na Current Biology, assinado por um time de psicólogos liderados por Jiale Yang, da Universidade Chuo, do Japão.
Os cientistas estudaram como 42 bebês, de 3 a 8 meses, analisavam pares de imagens renderizadas a partir de objetos reais em 3D. Como as crianças não podiam descrever o que viam, o time mediu quanto tempo os bebês olhavam para cada imagem.
Os dados mostraram que bebês de 3 a 4 meses possuíam uma impressionante habilidade de diferenciar imagens que sofriam diferenças de iluminação que não aparecem para adultos. A partir dos cinco meses, porém, a habilidade começa a desaparecer. Além disso, durante o primeiro ano de vida, os bebês são capazes de reconhecer a diferença entre faces de macacos que adultos considerariam idênticos, por exemplo.
Não só a visão é agraciada com habilidades diferenciadas nos primeiros meses de vida, mas a audição também. No início da vida, o nosso cérebro acaba recebendo todo tipo de informação, para só depois conseguir aprender quais conteúdos realmente deve processar e guardar.
Na audição, por exemplo, bebês possuem a habilidade de distinguir nuances fonéticos em línguas que ouve, mesmo as diferentes das faladas pela própria família, por exemplo.
A perda de sensitividade à informação que nós temos enquanto bebê pode acabar criando um distanciamento de nossa percepção do mundo real, mas ao mesmo tempo cria uma sintonia apropriada de compreensão dos ambientes em que vivemos. Dessa forma, conseguimos perceber os espaços e lidar com ele de forma eficiente, mesmo que parte de nossa percepção se perca no caminho.