Uma pesquisa feita pelo Datafolha apontou que a profissão de cientista é a terceira mais admirada pela população (61%), depois das de professor (77%) e médico (70%). Outro destaque é que, apesar de 88% considerarem muito importante investir em ciência e tecnologia, 70% acham insuficiente o investimento atual feito pelo país no setor e 86% acham que o governo deve financiar a pesquisa científica, mesmo que isso não traga benefícios imediatos.
Entre pesquisadores, melhores recursos financeiros e credibilidade são considerados os principais fatores para a escolha da FAPESP como agência de fomento para seus estudos.
Os números são de pesquisas feitas pelo Datafolha com três públicos no Estado de São Paulo: população geral, cientistas e formadores de opinião.
A pesquisa com a população geral foi feita em 138 cidades no Estado de São Paulo. Foram realizadas 3.217 entrevistas com homens e mulheres de 16 anos ou mais, de todas as classes sociais. A pesquisa quantitativa contou com abordagem pessoal dos entrevistados mediante aplicação de questionário estruturado com cerca de 25 minutos de duração.
Dos entrevistados, 63% disseram ter algum interesse em ciência e tecnologia e 26%, muito interesse. O percentual com muito interesse no assunto “Ciência e Tecnologia” (26%) foi superior ao de “Economia e Empresas” (24%), “Moda” (14%), “Política” (12%) e “Curiosidades sobre pessoas famosas” (7%). Os assuntos de maior interesse foram “Medicina e Saúde” (51%), “Alimentação e Consumo” (45%), “Meio Ambiente e Ecologia” (39%), “Religião” (38%), “Esportes” (32%) e “Cinema, Arte e Cultura” (30%).
A população disse obter informações frequentes sobre ciência e tecnologia principalmente na TV (31%), na internet (24%) e em conversa com amigos (21%), seguido por jornais (18%) e revistas (10%).
Para 39%, a pesquisa científica no país está atrasada e 51% concordaram com a afirmação de que, ao tomarem as decisões, os políticos deveriam levar mais em conta as evidências científicas do que a opinião pública.
Para o presidente da FAPESP, Celso Lafer, “a pesquisa feita pelo Datafolha mostra a importância que a população atribui à ciência e o respeito que tem pelos cientistas. Em segundo lugar, evidencia a clara percepção de que cabe ao Estado apoiar a pesquisa científica, mesmo quando ela possa não trazer benefícios imediatos, e que a iniciativa privada também pode aumentar seus investimentos no setor”, disse.
Ao mesmo tempo que a população valoriza a ciência e a atividade científica, a pesquisa revela que seu desconhecimento a respeito das instituições de pesquisa é grande: de acordo com o levantamento do Datafolha, 77% não sabem mencionar o nome de uma instituição no setor, nem mesmo de universidades. Ao serem apresentados a nomes de instituições, 26% disseram já ter ouvido falar da FAPESP, mas, desses, 65% não souberam dizer o que a faz a Fundação.
O conhecimento científico e tecnológico foi considerado de “muita utilidade”, principalmente no “cuidado com a saúde e prevenção de doenças” (70%), na “compreensão do mundo” (51%) e na “preservação do entorno de minha casa e do meio ambiente” (47%).
“A alta prioridade que a população dá ao apoio à pesquisa e o valor que dá à profissão científica ecoam o sentimento verificado em outros países e estimulam a comunidade científica paulista a obter cada vez mais e melhores resultados de impacto científico, social, e econômico. A pesquisa destaca também a necessidade de maior empenho das instituições na demonstração e associação de seus nomes aos resultados”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
A opinião dos pesquisadores
A pesquisa do Datafolha com pesquisadores apoiados pela FAPESP resultou de 505 entrevistas, feitas com homens e mulheres no Estado de São Paulo.
O governo foi citado como o principal financiador de pesquisa científica no país e os entrevistados defenderam que as empresas aumentem seus investimentos. Para 67% dos entrevistados o país é “intermediário” em pesquisa científica e, para 80%, tem investimento insuficiente.
“Melhores recursos financeiros” e “credibilidade” são os principais fatores para a escolha da FAPESP, segundo a pesquisa.
“O público mais diretamente envolvido reconhece a contribuição da FAPESP e ressalta a sua credibilidade. Em resumo, os dados confirmam o apoio do contribuinte paulista às atividades da FAPESP”, disse Lafer.
Praticamente a totalidade (99%) acredita na contribuição da pesquisa científica para o crescimento do país e defende a independência dos cientistas.
Dos entrevistados, 60% consideraram que o país tem muito destaque em agricultura e pecuária e apenas 6% acham que tem muito destaque em desenvolvimento de tecnologias.
Em relação à satisfação com o desenvolvimento científico da área de atuação, 55% disseram estar satisfeitos, contra 44% que se declararam insatisfeitos – 1% não respondeu. Dos que se mostraram satisfeitos, 31% apontaram como principal motivo o “reconhecimento ou destaque internacional” e 29%, “avanços e desenvolvimento na área de pesquisa”.
A maioria considera a profissão de cientista pouco atrativa para os jovens por ter baixos salários e pouco prestígio e 58% consideram que a vocação pelo conhecimento é a principal motivação dos cientistas.
O apoio da FAPESP aos pesquisadores entrevistados se dá por meio de Bolsas de Doutorado (36%), Bolsas de Pós-doutorado (30%), Auxílio à Pesquisa – Regular (26%), Bolsas de Mestrado (26%), Bolsas de Iniciação Científica (22%), Auxílio à Pesquisa – Projeto Temático (5%), Programa de Pesquisa Inovadora em Pequenas Empresas, PIPE (3%), Jovem Pesquisador (2%) e outros (6%).
Do total, 85% tiveram apoio para pesquisa de outra instituição, principalmente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Formadores de opinião
O Datafolha também realizou uma pesquisa com formadores de opinião. Foram feitas 30 entrevistas em profundidade: 15 com jornalistas e 15 com professores do ensino médio de escolas públicas e particulares, ambos no Estado de São Paulo.
O estudo observou que tanto jornalistas como professores têm o hábito de buscar informações sobre ciência e tecnologia, sobretudo na internet. Enquanto os professores costumam ler mais comunicações específicas da sua área, os jornalistas leem diversos meios de comunicação.
A maioria concorda que a linguagem dos artigos sobre ciência e tecnologia está mais fácil hoje em dia, assim como o acesso à informação científica. De acordo com os entrevistados, o ensino de ciências nas escolas precisa melhorar e há falta de estímulos e capacitação, tanto para professores como para alunos.
O grau de satisfação com a pesquisa científica no Brasil foi considerado regular. Os entrevistados citaram a falta de investimento e a baixa tradição em pesquisa como aspectos negativos. Por outro lado, acham que o Brasil forma grandes cientistas, mas que esses muitas vezes atuam fora do país.
Todos os entrevistados consideram que o volume de investimentos na área, atualmente, não é suficiente. Segundo eles, são necessários mais investimentos para melhorar a pesquisa científica, para melhorar a qualidade de vida e para garantir o avanço de que o país necessita, tanto de parte do governo como da iniciativa privada.
Entre os jornalistas entrevistados, a FAPESP foi a instituição de fomento à pesquisa mais conhecida. Os entrevistados que conhecem a FAPESP têm uma imagem positiva dela – a de instituição séria. Todos os participantes são a favor da existência de instituições públicas de apoio à pesquisa científica no país.
Os resultados das pesquisas feitas pelo Datafolha estão disponíveis em:
- População geral: www.fapesp.br/datafolha/populacao.pdf
- Pesquisadores: www.fapesp.br/datafolha/pesquisadores.pdf
- Formadores de opinião: www.fapesp.br/datafolha/formadores.pdf