Hackaton: o que é isso?

Antes de falar especificamente sobre o que seria um Hackathon, é bom dizer que essa palavra que entrou em moda nos últimos anos e tem alguns sinônimos como hackatona, hackathão, hack day, hackfest ou codefest. Todos esses termos têm em comum a ideia de uma maratona de programação em que vários hackers se reúnem para passar horas a fio desvendando dados, sistemas lógicos e desenvolvendo algo com isso. Esse algo geralmente são projetos de software, mas há coisas brilhantes ligadas a hardware saindo de hackathons. A duração pode variar de algumas horas a semanas, a depender do gosto dos proponentes e/ou patrocinadores.

A palavra em si vem da junção das palavras inglesas Hack e Marathon. Ao contrário do que povoa o imaginário de muita gente, hackers não são criminosos. Parafraseando a Wikipedia, hacker é quem se dedica, com intensidade incomum, a conhecer e entender profundamente sistemas, dispositivos, programas e redes de computadores. E maratona é uma corrida de longa distância que demanda bastante energia do(a) competidor(a). Assim, trata-se uma uma competição em que programadores, designers e quem mais se interessar se juntam e ficam em imersão, numa troca interdisciplinar, para pensar e dar ao menos um start numa ideia. Os primeiros eventos desse tipo ocorreram em 1999 nos Estados Unidos e, desde então, se expandiram para além desse país e vem se popularizando também no Brasil.

O estilo mais interessante de hackathon é aquele voltado à exploração de dados abertos e geralmente, nessa modalidade, eles vêm no bojo do lançamento de alguma base de dados. A maratona, assim, serve para dar visibilidade a essa ação de transparência pública, bem como possibilitar o engajamento da sociedade civil na utilização desses dados. Para que não passe desapercebido e não fique dúvida na cabeça do(a) leitor(a), para um dado ser considerado aberto, não basta estar na internet; ele precisa reunir oito características: completo, primário, atual, acessível, processável por máquina, de acesso não discriminatório, de formato não proprietário e livre de licença. Aguarde nosso texto sobre dados abertos com mais detalhes e informações.

Algumas iniciativas que merecem destaque são: 1ª Hackathon da Câmara Municipal de São Paulo (2012), o Hackathon de Dados Educacionais do INEP (2013), 1º Hackathon do Governo de Minas Gerais (2013), Hackatona do ônibus (2013) e Hackathon da Câmara dos Deputados (2013). A Campus Party também tem abrigado alguns Hackathons: em 2012 a edição paulistana contou com o Hackathon – Dados Governamentais Abertos e em Recife ocorreu o Hackathon ‘Hacker Cidadão’. No espírito de dar utilidade pública aos dados, boa parte do que é produzido nesses Hackathons é disponibilizado como software livre.

O que move um Hackathon é o desafio e o ingrediente que não pode faltar é a diversão. As pessoas disponibilizam seu tempo para resolver um problema e desvendar dados cuja lógica muitas vezes transcende a técnica e se entrelaça com a política. Poucos vencem as maratonas, mas todos deixam legados de grande valia para a sociedade nesse processo. E, como nem tudo são flores (ou bits), um dos desafios em aberto até agora é a manutenção e a sustentabilidade das inúmeras iniciativas surgidas nos Hackathons.

E você, o que acha dos Hackathons? Já participou de algum e gostou (ou não)? Acha que é um bom modelo a ser disseminado? Enxerga a sustentabilidade dos projetos?

*Haydée Svab é engenheira civil, mestranda em Engenharia de Transportes, colaboradora do CCSL e da Transparência Hacker, além de ser co-fundadora do PoliGNU e do PoliGen.

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Posted by Wladimir

Nerd desde sempre. Começou a programar em Basic, em um CP 400 Color II lá por 1985. Fã de Star Wars, Star Trek e outras séries espaciais. Pai de 4 filhos - um era pra se chamar Linus, mas o nome encontrou muita resistência :( Aliás, software livre é outra paixão. Usuário Linux desde 1999. Presidente da Associação Software Livre Santa Catarina. Defensor do livre compartilhamento. É o compartilhamento que tem feito a humanidade avançar. As ideias são uma construção coletiva da humanidade :) Foi fundador do Partido Pirata do Brasil e membro de sua 1ª Executiva Nacional (2012-2014). Foi também assessor do gabinete do Ministro da Ciência e Tecnologia durante 2016, até a efetivação do golpe que destituiu Dilma Rousseff. Ah, também é editor aqui dessa bagaça, onde, aliás, você também pode colaborar. Só entrar em contato (42@nerdices.com.br) e enviar suas dicas, artigos, notícias etc. Afinal, a Força somos nós!

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