Como os falcões estão defendendo os céus brasileiros

A falcoaria (ou cetraria) é uma arte bastante antiga. É praticada há mais de 4.000 anos. Consiste em criar, treinar e cuidar de falcões e outras aves de rapina, como gaviões, ensinando estas aves a caçar pequenos animais. Teria surgido na Mongólia, onde até hoje é praticada em tribos nativas, e chegado à Europa a partir de Portugal, quando os muçulmanos controlaram a região.

A UNESCO considera a falcoaria como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, desde 2010.

Estudos tradicionais sobre a falcoaria dão conta de que esta arte começou no Extremo Oriente; a arqueologia, entretanto, encontrou evidências de que a falcoaria no Oriente Médio data do século I a.C.

A falcoaria era um esporte popular entre os nobres da Europa medieval e do Japão feudal, verdadeiro símbolo de status. No Japão é chamada de takagari.

Ovos e filhotes dos pássaros de caça eram raros e caros, e o processo de criar e treinar falcões requer tempo, dinheiro e espaço – o que restringia sua prática à nobreza. No Japão havia, até, sérias restrições em relação a quem poderia caçar, quais as espécies animais que poderiam ser caçadas e onde, tomando-se por base a hierarquia da pessoa na casta dos samurais.

Na arte, como noutros aspectos culturais, como a literatura, a falcoaria permaneceu como símbolo de status mesmo depois de haver perdido o interesse entre seus praticantes. Águias e falcões empalhados, e expostos nas paredes, simbolizavam metaforicamente que seu proprietário era nobre e valente.

Gravuras ou quadros com falcões ou cenas da falcoaria poderiam ser compradas pelos ricos, e exibi-los era algo mais cômodo que a prática do esporte, servindo igualmente para índice de certo grau de nobreza e status.

Também é possível que a falcoaria tenha sido desenvolvida na China, já que existem muitas referências sobre a sua prática antes da Era Cristã em diversos textos chineses e japoneses. A mais antiga representação da falcoaria é um baixo-relevo encontrado em finais do século XIX em Korshabad, no atual Irã, datado de 1350 a.C.

Não existem provas suficiente para determinar se a falcoaria era praticada no Antigo Egito, mas ainda assim existem bastante imagens de falcões, que eram consideradas aves míticas. Havia, inclusive, um deus com cabeça de falcão – Hórus – e falcões mumificados foram encontrados em tumbas dos faraós.

Esta milenar arte está crescendo e ocupando um espaço cada vez maior no Brasil. É que falcões e gaviões vêm sendo treinados e usados desde 2009 na segurança de aeroportos, eliminando um antigo problema: a colisão de aviões com aves que voam próximas a eles, como urubus e quero-queros.

De acordo com o relatório de risco aviário de 2012 do Cenipa – o último disponível – só naquele ano foram registradas 1.604 ocorrências de choque entre aves e aviões. O aeroporto do Galeão estava em quinto lugar entre os aeroportos de todo o Brasil, com 67 colisões.

O primeiro lugar em colisões em 2012 foi Guarulhos, com 117 ocorrências e o segundo foi o aeroporto internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, com 114. Eles não têm falcoaria. Já o terceiro lugar neste ranking é o Salgado Filho, em Porto Alegre, com 106 ocorrências. Este, assim como o Galeão, trabalha com a falcoaria. Além dos dois, apenas Pampulha, em Minas Gerais, conta com o trabalho permanente das aves de rapina, segundo a Infraero.

O trabalho com falcões no Galeão iniciou em maio de 2013. Atualmente, são 16 aves, entre gaviões e falcões, que fazem a “segurança aérea” do aeroporto, capturando as aves próximas.

É interessante que as aves de rapina não matam as outras aves. Elas foram treinadas para capturar as demais aves e trazê-las vivas ao falcoeiro.

No aeroporto Salgado FIlho, em Porto Alegre, as aves são utilizadas desde 2009. “No aeroporto, estamos utilizando a técnica da falcoaria, mas adaptada. Não queremos caçar, apenas retirar os animais do aeroporto. É um método ecológico, utilizado em países de primeiro mundo, e com impacto ambiental muito menor do que qualquer outro método inventado pelo homem”, diz o falcoeiro Gustavo Trainini.

As aves ficam em um local construído acerca de 500 metros da pista principal do aeroporto. Nos intervalos dos vôos, elas são lançadas ao ar, uma por vez. Cada falcão ou gavião voa individualmente, sob o comando de um adestrador. Os vôos, guiados por técnicos, são realizados por oito horas diárias.

Em todos os aeroportos onde a falcoaria está sendo empregada, a redução de acidentes entre aviões e aves foi reduzida drasticamente. Em alguns, não é registrado nenhum caso há meses.

fontes: Wikipedia, UOL, G1,

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Posted by Wladimir

Nerd desde sempre. Começou a programar em Basic, em um CP 400 Color II lá por 1985. Fã de Star Wars, Star Trek e outras séries espaciais. Pai de 4 filhos - um era pra se chamar Linus, mas o nome encontrou muita resistência :( Aliás, software livre é outra paixão. Usuário Linux desde 1999. Presidente da Associação Software Livre Santa Catarina. Defensor do livre compartilhamento. É o compartilhamento que tem feito a humanidade avançar. As ideias são uma construção coletiva da humanidade :) Foi fundador do Partido Pirata do Brasil e membro de sua 1ª Executiva Nacional (2012-2014). Foi também assessor do gabinete do Ministro da Ciência e Tecnologia durante 2016, até a efetivação do golpe que destituiu Dilma Rousseff. Ah, também é editor aqui dessa bagaça, onde, aliás, você também pode colaborar. Só entrar em contato (42@nerdices.com.br) e enviar suas dicas, artigos, notícias etc. Afinal, a Força somos nós!

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